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Homem que se passava por assessor acaba preso
Por Illenia Negrin
Do Diário do Grande ABC
31/05/2006 | 08:12
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Depois de aplicar dezenas de golpes fazendo-se passar por assessor da Câmara de São Bernardo e fiscal da Prefeitura, Francisco Adam Batista Paz, 47 anos, foi preso segunda-feira em flagrante por falsidade ideológica pela polícia de Santo André. No 6º DP da cidade, pelo menos 11 vítimas do suposto estelionatário fizeram fila para denunciar o acusado. Adam, como era conhecido, se apresentava como assessor do vereador Alex Manente (PPS), filho do secretário de Obras de São Bernardo, Otávio Manente, atualmente afastado do cargo.

O acusado exibia uma carteirinha de identificação com o brasão e carimbo do Legislativo de São Bernardo. O vereador Alex Manente afirma que o acusado nunca trabalhou como seu colaborador e registrou boletim de ocorrência contra o suposto falsário. A Prefeitura diz que Adam não é funcionário público e não tem qualquer relação com a administração municipal.

Para cada vítima, Adam formulava um enredo diferente. Houve quem contratou o acusado como construtor – ele se dizia engenheiro e arquiteto –, deu dinheiro pelo serviço e não teve a obra executada. Ou pagou por um alvará de funcionamento que, por ser falsificado, de nada valia. E até quem tenha emprestado cheques em branco a Adam, em troca da promessa de que ele conseguiria ao doador um emprego público graças à “influência” que tinha na Prefeitura.

Adam não foi preso pela acusação de estelionato, apesar de já haver queixas registradas contra ele em outras delegacias. O flagrante em Santo André foi pelo crime de falsidade ideológica. Fazendo-se passar por Benedito Antonio Ferreira, o acusado assinou um contrato de locação de imóvel no Centro de São Bernardo – onde morava com a esposa e com cinco filhos desde outubro – e ainda conseguiu reconhecer firma em cartório com os documentos falsos. O proprietário da casa, o aposentado Manoel Marques Valada, 63 anos, também acusa Adam de roubo.

Valada conta que no início do ano se surpreendeu ao receber faturas de três cartões de crédito em seu nome, no valor de R$ 36 mil. “As operadoras devem ter mandando os cartões – que eu não pedi – em meu nome para o endereço de São Bernardo. Ele, se aproveitando da situação, pegou os meus dados no contrato, habilitou os cartões e saiu gastando. Descobri depois que uma empresa de TV por assinatura me ligou perguntando porque eu não paguei a mensalidade. Cheguei na casa dele e vi a caixa da antena, com o meu nome”, conta o aposentado. Para ele, o inquilino se chamava Benedito, e não Francisco.

Revolta – Adam foi encaminhado à Cadeia Pública de Santo André. Com ele, foram apreendidos carimbos com o brasão da Prefeitura e os documentos falsos. Segundo o delegado titular do 6º DP de Santo André, Darci Freitas, o material será encaminhado para a perícia. “Acredito que ele tenha feito outras vítimas. Outros casos devem aparecer, como o dessas pessoas que nos procuraram hoje (segunda-feira)”, avalia.

A corretora Sandra Regina Cardelíquio, 31, diz ter pagado a Adam R$ 17 mil como adiantamento para a construção de um sobrado no Riacho Grande. “Ao todo, ele ia me cobrar R$ 40 mil. Ele começou o alicerce em janeiro e nunca mais apareceu. Ele até me prometeu planta aprovada, porque era funcionário da Prefeitura”, afirma.

O motoboy Denner Aparecido da Silva, 31, chegou a pagar R$ 120 porque Adam teria lhe prometido um emprego na Prefeitura. “Ele disse que era o preço da inscrição”. O motoboy chegou a emprestar seis cheques ao acusado.

Os cheques de Denner foram parar na mão do comerciante Lucas Nascimento Lima, 48, dono de uma loja de material de construção no Jardim Represa, em São Bernardo. “Desconfiei dele, mas acabei vendendo o material para o Adam. Ele disse que era para uma obra no Rudge Ramos. Depositei os cheques no dia 20. E eles voltaram”, conta.

Desde que percebeu o golpe, Lima tentava encontrar o autor do crime. O comerciante soube que Adam estava numa padaria na Vila Pires, em Santo André. Começou a persegui-lo, de carro, e chamou a polícia. Adam foi preso nas proximidades da estrada do Pedroso. Estava num Pálio branco, com toda a família e parte da mudança. O advogado de defesa diz que ele resolveu mudar de casa porque estava sendo ameaçado.



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