Apesar da ameaça, o número dois do Executivo, Ehud Olmert, mostrou-se calmo. "Não tenho a menor dúvida: Sharon continuará sendo primeiro-ministro. Foi eleito magistralmente em duas ocasiões, e o Likud deve a ele o fato de ter dobrado seu número de deputados no parlamento (em 2003)", declarou à rádio pública.

O Procurador do Estado, Edna Arbel, recomendou no domingo ao Procurador-Geral, Menahem Mazuz, processar Sharon e seu filho Gilad por corrupção no caso conhecido como ‘a ilha grega’. Em 1998, Sharon, que então era ministro das Relações Exteriores, recebeu supostamente através de seu filho Gilad dinheiro (suborno) do empresário David Appel - um doador do Likud - para promover um projeto turístico numa ilha grega.

Nesta segunda, cinco juízes da Suprema Corte de Israel ordenaram que Gilad entregasse à polícia todos os documentos que possui relacionados com este caso em cumprimento a uma decisão emitida há oito meses por um tribunal de Tel Aviv. De início, ele se negou a entregar os papéis, mas depois anunciou que obedeceria à ordem judicial.

A lei israelense reserva a Mazuz - que também é conselheiro jurídico do Governo - a decisão de abrir uma eventual ação, mas também permite a um primeiro-ministro permanecer no cargo inclusive se for acusado ou condenado.

Projeções - O deputado do Likud Michael Eytan pediu a Mazuz "que tome serenamente sua decisão com base na comissão parlamentar da Lei, sem levar em conta as pressões da direita ou da esquerda". Segundo fontes próximas a Mazuz, citadas pela imprensa israelense, ele considera "problemático" o caso "da ilha grega" e deve anunciar sua decisão "nas próximas semanas".

Sharon disse que pretende chegar ao fim de seu mandato, que termina em 2007. Porém, parece condenado à inércia até que Mazuz comunique sua decisão, sobretudo porque também está envolvido num caso de financiamento ilegal da campanha eleitoral de 1999, quando era candidato à direção do Likud.

O ministro da Agricultura, Israel Katz, um integrante da linha "dura" do Likud, declarou que está convicto de que a Convenção do partido "dará na terça-feira uma acolhida triunfal a Sharon, sobretudo após a liquidação do xeque Ahmed Yassin", líder espiritual do Hamas, pelo exército israelense há uma semana em Gaza.