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Famílias invadem área urbanizada no Jardim Primavera, em Mauá
Por Marco Borba
Do Diário do Grande ABC
28/07/2005 | 08:16
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O Jardim Primavera, em Mauá, voltou a ser invadido por habitações irregulares. Desde o início do ano, foram erguidos pelo menos 15 barracos em terreno da Prefeitura às margens da avenida dos Manacás. Em 2003, o bairro foi urbanizado pela administração do ex-prefeito Oswaldo Dias (PT) e 40 famílias que moravam em loteamento próximo ao atualmente ocupado foram removidas para unidades habitacionais no Jardim Kennedy. Para conter as ocupações, há cerca de dois meses a Prefeitura abriu valas nas proximidades dos barracos.

A Secretaria de Habitação do município informou que 13 famílias que ocupam agora o terreno foram cadastradas, no dia 17 de fevereiro deste ano, no Programa Família Paulista Crédito Imobiliário, do Ministério das Cidades. Tal programa prevê a construção de 63 moradias no Núcleo Habitacional Kunnio, próximo ao Jardim Kennedy.

De acordo com a secretaria, as obras devem ser iniciadas entre setembro e outubro. As moradias são destinadas a moradores que vivem em áreas de risco da cidade. Em relação a pelo menos duas famílias que chegaram à área após o cadastramento, a Prefeitura assegurou que vai estudar a situação de cada uma delas.

Desempregado, o ajudante de serviços gerais Márcio Pereira, 27 anos, confirmou que funcionários da Secretaria de Habitação estiveram no local para cadastrar as famílias, com a promessa de que seriam levadas para conjuntos habitacionais. "Só que depois não voltaram mais, nem informaram onde serão construídas essas casas". Pai de cinco filhos, Pereira diz que deixou o Jardim Cruzeiro porque não tinha mais condições de pagar o aluguel de R$ 260. Ele está na área invadida desde janeiro.

Além de conviver com a precariedade, as famílias invasoras têm de lidar com a rejeição dos moradores mais antigos do bairro. "A Prefeitura tem de dar um jeito e arrumar moradia para essas famílias", disse uma professora da rede municipal que pediu para não ser citada, por temer represálias.

A área invadida não tem saneamento. O esgoto é lançado em um córrego poluído que corta o bairro. A água e a energia são garantidos pelos chamados gatos na rede. Para chegar ao terreno, de topografia irregular, as famílias cruzam o córrego por uma frágil e improvisada ponte de madeira.

Mauá - cidade cuja característica urbana é ter grandes áreas ocupadas clandestinamente - tem 122 favelas e 25 áreas de risco (nove sujeitas a alagamentos e 16 a deslizamentos). Cerca de 4 mil famílias - aproximadamente 20 mil pessoas - vivem nessas áreas. Do total de favelas, 20 são urbanizadas. As informações têm como base o Plano Estratégico Municipal para Assentamentos Subnormais, de 2004, da Defesa Civil do município.




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