Julho de 1969. Wilson Simonal entra nervoso no palco do Maracanãzinho, onde cantou para o maior público de sua carreira até então: 30 mil pessoas. Tocou alguns de seus hits e levou a plateia ao delírio. Ele, que não esperava tamanho sucesso, desmaiou, em seguida, no camarim. E este mesmo artista, considerado um dos maiores da década de 1960 e 1970, morreu no mais profundo exílio. Foi do céu ao inferno, literalmente.

Inspirado na obra de Nelson Motta e Patrícia Andrade, com direção de Pedro Brício, está em cartaz, no Teatro Cetip (Rua Coropés, 88), em São Paulo,‘S´imbora, o musical – a história de Wilson Simonal. O espetáculo foi um dos grandes sucessos da temporada teatral carioca de 2015, visto por mais de 50 mil pessoas, estará em cartaz até 26 de julho.

E a trajetória deste carioca, cheio de polêmicas, altos e baixos, é muito bem contada e interpretada pelo ator de São Bernardo Ícaro Silva. “Uma história triste, mas também bonita, porque de qualquer maneira é um herói improvável que chega no auge e, talvez por ingenuidade e arrogância, acaba caindo. É um personagem rico, tem muito material”, analisa o ator, que participou de seletiva com outros 1.000 candidatos antes de ganhar o papel.

A experiência em musicais – ele fez Jair Rodrigues em Elis, o Musical – o ajudou na composição do ‘seu’ Simonal. “Busquei não fazer uma imitação, mas sim usar as características que o conectavam com o público: carisma, charme, malandragem, eloquência e um talento fora do comum. Era um cara à frente de seu tempo, com um poder de comunicação muito grande”, lembra. Além de ter familiaridade com o universo do cantor. “Tenho uma ligação de história de vida com ele: um garoto negro, pobre, filho de cozinheiro, que cresce na favela, mas por meio do seu talento consegue alcançar um lugar ao sol.”

E o musical não se furta em falar da decadência de Simonal, que caiu no ostracismo após cancelar contrato com a TV Globo, brigar com o Som Três, que o acompanhava desde o início, e desfazer o escritório da Simonal Produções. Além disso, foi acusado de ser simpatizante da ditadura militar.

Isso não apaga, no entanto, a sua importância na história da música popular brasileira, com músicas como Balanço Zona Sul (seu primeiro sucesso), Sá Marina, País Tropical, Meu limão, Meu Limoeiro, Lobo bobo, Mamãe Passou Açúcar em Mim, todas presentes no roteiro do espetáculo. O musical é apresentado às quintas e sextas, às 21h, aos sábados, às 17h e 21h e, aos domingos, às 19h. Os ingressos custam de R$ 50 a R$ 180 e estão à venda no site www.ticketsforfun.com.br.