Cultura & Lazer Titulo
Ferramenta de democracia
Ana Carolina Rodrigues
Do Diário do Grande ABC
26/08/2006 | 17:44
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Já faz dias que o horário político tomou conta da programação da TV aberta. Pelas ruas, faixas e cartazes dão conta das campanhas dos candidatos aos cargos de deputado federal e estadual, senador, governador e presidente. Ao eleitor, nesse momento de efervescência democrática, cabe a difícil tarefa de observar as propostas e analisar as diferentes correntes políticas em voga no país. E é nesse cenário que chega às livrarias Políticos do Brasil (Publifolha, R$ 40 em média), pertinente obra do jornalista Fernando Rodrigues que registra, em 424 páginas, a evolução patrimonial declarada dos candidatos vencedores nos pleitos de 1998 e 2002.

Mas não é só. O trabalho detalha a freqüente coincidência entre o sucesso na política e uma sólida e vitoriosa ascensão social.

Políticos do Brasil consumiu cinco anos e meio de pesquisa, envolveu a análise de um vasto acervo de documentos que inclui as declarações de bens e dados eleitorais do presidente e do vice-presidente da República, dos 27 governadores e seus vices, dos 513 deputados federais, 81 senadores e seus 162 suplentes e dos 1.059 deputados estaduais e distritais.

“Políticos do Brasil é uma espécie de híbrido entre um livro jornalístico e uma obra de referência porque ele tem dados objetivos sobre as duas últimas eleições, o último pleito do século XX e o primeiro do século XXI”, explica o autor.

O CPF, enfim – Ao todo, a publicação reúne 3.570 registros inéditos sobre a questão patrimonial dos candidatos vencedores, além de trazer o CPF de cada um deles, o que ajuda o eleitor a saber mais sobre aquele que ele elegeu ou elegerá.

“Com o CPF do político, que não é um número secreto, porém difícil de conseguir, qualquer um pode checar a situação dos candidatos no site da Receita Federal e junto a outros órgãos governamentais. É a oportunidade que o eleitor tem de saber se aquele que está pedindo seu voto está em dia com o imposto de renda por exemplo”, conta Rodrigues.

Por meio de seus estudos, o jornalista obteve uma série de conclusões interessantes sobre a política nacional que ajuda o leitor/eleitor a ter uma idéia mais ampla sobre quem são e o que possuem os homens e mulheres escolhidos para comandar a nação.

Em 1998, por exemplo, entre os políticos eleitos no Brasil, 273 declararam possuir patrimônio superior a R$ 1 milhão. Em 2002, o número de milionários chegou a 281. Em relação aos partidos, os cruzamentos das informações revelaram que, de 2002 a 2006, o PT foi a legenda que apresentou a maior expansão no valor médio de seus bens, um salto de 83,7%, percentual muito acima da inflação do período que ficou na casa dos 27,2%.

“Eu fui analisando caso por caso porque é um trabalho muito meticuloso já que essas declarações refletem aquilo que os políticos querem que a gente acredite que eles têm. Vi muita inconsistência entre os documentos analisados. Claramente tem gente que está mentindo. O fato de apontar o PT como o partido que teve a maior evolução patrimonial em quatro anos não quer dizer que eles roubaram, é a conclusão que se tem a partir do estudo das declarações”, explica Rodrigues.

Dividido em três partes, Políticos do Brasil traz, além das análises patrimoniais, um perfil estatístico e características do sistema político com considerações sobre o voto. “Não é um livro para se ler de cabo a rabo. Metade dele é para ser consultado, mas pode ser muito atrativo para quem gosta deste tipo de assunto. O importante é que Políticos do Brasil pode ajudar muito aos interessados em votar bem a se inteirar do processo. Numa democracia representativa, a transparência e o conhecimento são importantes. Devemos apostar na repetição das informações para que as pessoas aprendam as regras do jogo. Assim teremos um processo eleitoral melhor”, conclui.




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