Cultura & Lazer Titulo ESPECIAL MUSEUS
Mauá e suas preciosidades

Casa Bandeirista, com cerca de 250 anos
de existência, abriga Museu Barão de Mauá

Por Vinícius Castelli
do Diário do Grande ABC
20/10/2014 | 07:07
Compartilhar notícia
Nario Barbosa/DGABC


A história resiste e segue pulsando no coração de Mauá. Um casarão com cerca de 250 anos, construído com taipa e pilão, situado perto da Praça da Bíblia, é o responsável por essa façanha. Lá fica o Museu Barão de Mauá (Av. Getúlio Vargas, 276. Tel.: 4519-4011). O local abre para visitação de terça a sexta-feira, das 9h às 16h, e aos sábados e domingos, das 10h às 16h. A entrada é grátis.

A construção por si só é um atrativo à parte. Tombado como patrimônio histórico municipal e estadual, o espaço é um dos poucos modelos ainda de pé de Casa Bandeirista, que remete à ocupação territorial paulista. Suas paredes possuem cerca de 60 cms de espessura. De pé direito alto, o local foi sede de fazenda e é museu desde 1982. Quando passou a ser museu, foi encontrado lá um grilhão – usado para acorrentar escravos –, exposto hoje no local. Além dele, outros objetos antigos também fazem parte de uma das salas do Museu. Um relógio de ponto da Estação Ferroviária de Mauá dos anos 1910 divide espaço com uma roca de fiar em madeira do século 19.

Na direção do Museu há 15 anos, Dulce Paulino conta que criou laço afetivo com o local. “A casa tem energia boa, é um privilégio trabalhar aqui”, diz. Ela conta que o espaço recebe cerca de 600 visitantes por mês. “As pessoas gostam e respeitam, nunca houve um ato de vandalismo”, afirma.

Historiador do Museu e presidente do Condephaat – MA (Conselho de Defesa do Patrimônio, Artístico, Arqueológico e Turístico de Mauá), William Puntschart conta que a casa é a mais antiga do Grande ABC. “A preservação desta casa é herança material pela qual podemos resgatar parte da história de São Paulo”, diz.

Agraciado com um jardim, o local conta com portas e janelas de madeira – originais. Já o piso, que um dia foi de terra batida, hoje é de tijolo deitado. Logo na entrada, o salão principal abriga hoje a mostra Gravuras Brasileiras Contemporâneas. Que tal, além da grata descoberta da casa, ainda passar os olhos, de perto, em obras de artistas como Tarsila do Amaral (Garimpeiro – 1972), Cândido Portinari (Tiradentes – 1949), Aldemir Martins (Gato – 2002), Luiz Sacilotto (Composição Geométrica – 1979) e do artista de Mauá Hans Grudzinski (Os Músicos – 1968), todas obras do acervo particular de um colecionador da região e colaborador do Museu.

A próxima exposição será com fotografias antigas de Mauá, por conta dos 60 anos da cidade, e há, inclusive, uma campanha do local para receber imagens. Fotos de onde fica o Museu também são muito procuradas. Para participar, é só entrar em contato com o Museu.

Outra parte do local abriga o oratório, aberto para visitação. Dulce conta que na época dos escravos, as mulheres escutavam as orações separadamente dos homens e os escravos do lado de fora da casa. Porcelanas e cerâmicas também estão em exposição. Todas as peças foram produzidas por empresas que tiveram fábricas ou ainda estão em Mauá, como é o caso da Kojima. Nomes como Viúva Grande e Filhos, que funcionou de 1916 a 1964, e Porcelana Real, que produziu de 1943 até 1973, são algumas das que ilustram o acervo. 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;