Entre os mamíferos só o morcego pode voar. Tem membrana elástica e fina que liga o tronco aos dedos (cinco em cada mão), possibilitando o voo. Acredita-se que a característica tenha surgido ao longo de muito tempo, permitindo a exploração de mais tipos de alimentos (insetos e frutos) e a fuga de predadores.

Também passou por outras adaptações. Tornou-se animal de hábito noturno para não disputar espaço com as aves durante o dia. Além disso, desenvolveu a ecolocalização: emite sons que, ao atingirem obstáculos, voltam na forma de ecos. Assim, descobre a direção, distância e se há algo no caminho.

Fica de cabeça para baixo porque suas pernas são fraquinhas, já que a maioria dos músculos está na parte superior do tronco. Entretanto, tem força suficiente para agarrar o apoio. A posição ainda permite que descanse as asas.

Dependendo da espécie, come insetos, pequenos invertebrados (como anfíbios e roedores), frutos, néctar e pólen das flores. Há apenas três espécies hematófagas (ingerem sangue).

Tem grande importância para o meio ambiente, pois muitos morcegos ajudam a controlar a população de pragas, espalhar sementes pela mata e polinizar as flores.

É encontrado em todo o planeta, em geral, nas regiões úmidas e quentes. Habita cavernas, árvores e grutas. No mundo, são conhecidas cerca de 1.200 espécies, 170 delas estão no Brasil. Vivem até 20 anos.

PLANADORES

Existem mamíferos capazes de planar (sustentar-se no ar sem bater asas) e alcançar longas distâncias. É o caso do esquilo-voador. Ao pular de uma árvore para a outra, estica as quatro patas, abrindo a membrana de pele presa em seus tornozelos e punhos. Com a cauda, controla a direção para aterrissar no lugar certo.

O pequeno colugo, originário da Ásia, tem a mesma capacidade. Possui membrana parecida, porém maior do que a do esquilo. Tem cerca de 40 cm de comprimento e consegue planar por até 70 m de distância.

O peixe-voador (Exocoetus volitans) tem nadadeiras que permitem dar pequenos voos próximos à superfície da água para fugir de predadores. Ao ganhar velocidade e impulso, salta para fora do mar e abre as barbatanas para planar. Pode atingir 1 m de altura e chegar a distância de 180 m. O voo dura de dois a 15 segundos.

Existem aves sem a habilidade

Nem toda ave voa. É o caso do avestruz, a maior do mundo. Não consegue nem mesmo planar por ser muito pesada e ter asas curtas. Atinge cerca de 2,5 m de altura e 150 kg. Originária da África, é muito veloz, chegando a 50 km/h.

Assim como o avestruz, a ema pertence ao grupo das ratitas, aves que, em geral, têm grande porte, pernas longas e sem penas e que não voam. Corre ainda mais rápido: 60 km/h. Maior ave brasileira, ela mede aproximadamente 1,70 m e pesa 36 kg. Algumas subespécies de ema estão ameaçadas de extinção por causa da destruição do habitat e do valor comercial de suas penas, usadas na fabricação de fantasias e espanadores.

Na Austrália existe outro parente: o casuar. Com 1,70 m e 60 kg, é bastante agressivo. Tem bico afiado e longas garras. Além de correr em grande velocidade, consegue nadar e saltar até 1 m de altura!

Mas não são apenas os grandalhões que não conseguem voar. O kiwi ou quivi, encontrado apenas na Nova Zelândia, tem asas muito curtinhas. Com tamanho semelhante ao da galinha, seus hábitos são noturnos e vive em buracos no solo.

Já o pinguim é ave marinha e também não voa. Usa as asas como nadadeiras. Vive apenas no Hemisfério Sul. Entre as espécies mais famosas está o pinguim-imperador (da qual Mano, protagonista de Happy Feet faz parte), que habita a Antártica.

Julia Moraes Azevedo, 8 anos, de São Bernardo, assistiu a filme que mostra caverna com muitos morcegos. "Um homem entrou lá, e todos saíram voando. Foi assustador, mas até que são bonitinhos." A menina, no entanto, ficou curiosa quando soube que o animal é mamífero. "Deve ter asas para se proteger."

Consultoria da bióloga Márcia Jardim, pesquisadora do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul.