A MTV surgiu nos Estados Unidos em 1981 e foi aberta no Brasil em 1990. Era uma época em que a juventude ainda estava vivendo os efeitos da ditadura militar e tinha a necessidade de se fazer ouvir. “A emissora ajudou a proclamar uma espécie de revolução estética, comportamental. Depois da MTV, nada mais foi o mesmo”, explica a jornalista e docente do Mackenzie Maria Goretti Pedroso, autora do livro Admirável Mundo MTV Brasil.

Segundo ela, os diretores da emissora faziam questão de mostrar que havia vida inteligente no jovem e que ele merecia um canal à altura. “Era muito mais do que música. Conseguia ensinar sem ser chata, careta”, diz a especialista. Além disso, divulgou e espalhou diferentes estilos musicais, abriu espaço para bandas de garagem e regionais. “Tudo isso respeitando e preservando a memória musical do País, mostrando para os jovens artistas de gerações anteriores.”

Com o avanço da Era Digital, a nova geração mudou e a MTV precisou se reinventar. “A geração Y é mais tranquila, mas quer tudo rápido. Não consegue receber ordem, mas quer voar pelo mundo”, diz Maria Goretti. “Está tudo meio confuso, incluindo a música. É uma mistura de ritmos, mas não tem letra, harmonia, sem contar no apelo sexual. De que adianta ter um canal de música se não tem música?”, opina.

Mais do que falar sobre e exibir música, se fosse a diretora da nova MTV, a especialista resgataria programas que aguçam a opinião dos jovens, que ensinem algo e que transmitam a ele culturas de outros países. “Essa geração não tem vontade e nem vai se preocupar em procurar conteúdo de qualidade em diversas plataformas. A MTV conseguiu reunir tudo isso em um só canal”, conclui.