De um lado, a atual campeã do mundo e uma das favoritas a conquistar outro título. Do outro, uma equipe que disputa a Copa das Confederações apenas pela honra de seu país. Espanha e Taiti se enfrentam hoje, às 16h, pela segunda rodada do Grupo B, no Estádio do Maracanã (Rio de Janeiro), em confronto marcado por grande disparidade técnica entre os times.

Sabendo que o adversário não deve oferecer dificuldades, o técnico da Espanha, Vicente Del Bosque, vai escalar time formado apenas pelos reservas. Um dos poucos titulares que estariam em campo, o goleiro Iker Casillas, também será poupado. O jogador estava cotado para começar a partida, já que a comissão técnica visava escalá-lo para que pudesse adquirir ritmo de jogo, em razão da lesão que sofreu recentemente na mão esquerda. Mas sua presença também foi descartada.

“Uma das mudanças será no gol. Um dos que não jogaram atuará amanhã (hoje). E teremos alterações também no restante da equipe. É questão de preparação e de consciência. São todos muito bons jogadores, titulares. É oportuno para que entrem em campo os que menos jogaram contra o Uruguai ou os que não atuaram ainda”, comentou Del Bosque.

A decisão de escalar a equipe reserva hoje à tarde, segundo o treinador, não é nenhuma forma de menosprezo ao adversário, mesmo com o nível técnico que separa as equipes. “Temos 23 jogadores e não há tanta diferença entre eles. Não é questão de rebaixar ninguém e, sim, dar a oportunidade a todos”, explicou o treinador.

“É questão do comandante quem vai jogar, se a equipe inicial estará no banco de reservas. Todos nos sentimos prontos, não há titulares e reservas. Cada um aqui tem um nível muito alto para jogar, independentemente dos nomes. Não pensamos em quantos gols vamos fazer, vamos jogar com o máximo respeito possível, com a finalidade de crescer no torneio. Conseguir os pontos para assegurar a classificação. Não pensamos se vamos meter mais ou menos gols”, declarou o meia Iniesta, que vai começar a partida no banco de reservas.

Copa de 1950 e Maracanã motivam a Fúria

Se a partida contra o Taiti não está sendo tão levada a sério pelos espanhóis, por causa do abismo técnico que separa as seleções, um motivo em especial move a equipe campeã do mundo para o jogo. Desde 1950 a Espanha não atua no Maracanã. E agora, após 63 anos, a Fúria volta a jogar em um dos estádios mais emblemáticos do mundo.

Na última vez que os espanhóis atuaram no estádio brasileiro foi quando enfrentaram o Brasil pela Copa do Mundo e foram goleados por 6 a 1. Na ocasião, a Fúria havia chegado ao quadrangular final do torneio. “Lembro das imagens da Copa de 50 (risos). Foi a melhor classificação da Espanha em um Mundial por muito tempo”, recordou Del Bosque.

“Estar aqui nesse estádio, nesse país, é um privilégio. Tentaremos aproveitar o máximo possível”, comentou o meia Iniesta.

O jogador do Barcelona fez questão de ressaltar o apoio que a Fúria vem recebendo da torcida brasileira. Desde que chegou ao Brasil, os espanhóis estão sendo tratados como se estivessem no país de origem. E, segundo Iniesta, esse apoio é mais do que merecido.

“A seleção está em época muito boa de futebol quanto a títulos e a forma como temos obtido-os, que é o que fica na memória das pessoas. Este carinho vir de torcedores de um país como o Brasil, que já ganhou tudo, sempre com os melhores do mundo, é muito significativo”, enalteceu Iniesta, eleito terceiro melhor jogador do planeta de 2012.

Nos últimos anos, obtivemos o direito de nos sentir importantes, favoritos, que as pessoas respeitem nossa forma de fazer as coisas. Tentaremos nesta Copa das Confederações e no Mundial manter este nível e esse caminho de títulos. É o que esperamos”, completou o jogador.

Apesar da boa atuação diante do Uruguai, na estreia da equipe, Iniesta destacou que aquela não foi sua melhor atuação com a camisa da seleção. “Não acho que tenha sido meu melhor jogo pela Espanha. Não apenas eu, mas a equipe toda funcionou muito bem durante muito tempo. Me senti cômodo e bem. Para que cada um dê o melhor de si, é necessária a ajuda dos demais atletas”, destacou.

Não tem como vencer, diz técnico do Taiti
A Espanha vai mandar os reservas a campo, mas o técnico Eddy Etaeta, do Taiti, reconheceu o óbvio: não há como vencer o rival de hoje. Na primeira rodada, a equipe da Oceania foi goleada por 6 a 1 pela Nigéria.

No entanto, o comandante assegurou que tem objetivo para tentar alcançar. “Sou muito realista. Para nós, não é possível ganhar da Espanha. Sabemos que é a favorita do torneio. Nossa meta é tentar marcar um gol, mesmo que seja 20 a 1”, destacou o treinador.

Ele também não criticou o fato de a Espanha jogar com o time B. “Soube que (a Espanha) usará os reservas. Mesmo assim, são estrelas. Torres e Villa devem jogar. Eles são excelentes jogadores e não acho falta de respeito. Eles estão em sequência forte de competições e é normal poupá-los”, opinou.

O atacante Chong Hue também exaltou a qualidade dos rivais. “É equipe campeã do mundo, mas não vamos nos esconder. Não pensamos que vamos ganhar, mas mostraremos nosso valor e agradecer ao povo brasileiro”, prometeu o jogador.

Para o duelo, Eddy Etaeta não deve realizar muitas alterações, apesar da derrota para a Nigéria.