Cerca de 200 delegados do PT de Santo André aprovaram neste domingo por unanimidade o programa de governo da candidatura à reeleição do prefeito João Avamileno (PT). Não houve disputa significativa em torno do documento de 156 páginas que traça as linhas gerais de um eventual governo de “continuação do avanço”, nas palavras do ex-secretário de Finanças, Antônio Carlos Granado. O encontro tomou toda a manhã no auditório da Faculdade de Filosofia da Fundação Santo André. No final Avamileno puxou o coro: “Partido, partido, é dos Trabalhadores.”

Avamileno foi para a reunião ainda sem o nome do vice-prefeito. Um iminente acordo com o PMDB começa a fazer água depois da intervenção do diretório estadual na cidade. O vereador Ricardo Alvarez – da esquerda do PT e um dos possíveis pré-candidatos – afirma que agora as atenções estão voltadas para a indicação de uma chapa formada unicamente por petistas, o que deverá acirrar a disputa interna entre as correntes. Polêmico, o assunto foi deixado na geladeira pelo menos por este domingo.

Na abertura do evento, o presidente estadual do PT, Paulo Frateschi, elogiou a maneira “amadurecida e tranqüila” como o partido tem conduzido a discussão pré-eleitoral na cidade. “Ele jogou a bola para cima, para entrarmos com garra na disputa”, disse a presidente municipal do PT, Maria Cristina Pecthol. Para ela, a disputa em Santo André deverá priorizar temas municipais. “Mas estamos preparados se adversários quiserem ir para o nacional. Já temos crescimento econômico. Infelizmente a imprensa não mostra isso na primeira página. Nós sabemos que agora somos vidraça. Estamos preparados para encarar o debate.”

Avamileno viveu a confortável situação de responder às críticas sobre a falta de críticas ao documento. “Tem gente que fala que não teve divergência, que foi tudo muito tranqüilo e que por isso não foi bom. Mas isso mostra que estamos mais maduros.” Granado declarou, no final do encontro, “que a campanha começou e que o programa de governo será peça fundamental contra isso aí que se apresenta como alternativa”.

Não foi bem assim durante o processo de elaboração do programa de governo. Houve divergências no grupo que estudava o sistema de transportes da cidade por exemplo, mas os militantes que defendiam a reestatização, o fim do sistema atual de concessões foram vencidos, de acordo com um dos dez coordenadores do programa de governo, Alberto Alves de Souza. “No primeiro governo do Celso, o sistema foi estatizado. No segundo, o processo foi revisto. Apareceu agora nova proposta de estatização do transporte público. O pessoal entendeu que não deveria ser mantida a proposta”, afirmou.

Embora a administração tenha sido alvo de intensa campanha de denúncia de corrupção, não há no programa de governo uma referência direta ao tema. “O que a gente trabalha é com o conceito de participação e transparência. Isso significa que os conselhos de orçamento e conselhos comunitários, além de ajudar na gestão, têm papel de fiscalizador. Não teve nenhuma definição clara de combate a corrupção porque não temos nenhum fato concreto que mereça destaque. O que existem são denúncias passadas de corrupção”, afirmou Souza.   Ainda não está definido o slogan do programa de governo, normalmente capaz de sintetizar o conteúdo. Por enquanto há duas opções: “Santo André cada vez melhor” e “Santo André no rumo certo”.