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Chefe da máfia nigeriana comandava tráfico internacional de Sto.André
Por Artur Rodrigues
Do Diário do Grande ABC
11/04/2006 | 07:41
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De um condomínio de luxo, na Vila Bastos, em Santo André, o nigeriano Hilary Okeychukwu Onwuatu é acusado de comandar uma quadrilha de tráfico internacional de drogas. Ele foi preso segunda-feira, em sua casa, por investigadores da Dise (Delegacia de Investigações sobre Entorpecentes), sob a suspeita de coordenar a exportação de cerca de 200 quilos de cocaína por mês para a Europa. O negócio movimenta, segundo estimativas da polícia, 200 quilos da droga, o equivalente a aproximadamente 2 milhões de euros no mercado europeu.

O nigeriano utilizaria uma loja de carros, no bairro Santa Terezinha, para lavar o dinheiro do tráfico de drogas. Hilary mora em um condomínio de luxo em Santo André, com a mulher e filhos, segundo moradores do conjunto. Os vizinhos dizem jamais terem desconfiado dele. Dizem que sempre pareceu ‘muito sossegado‘. Veste-se bem, ostenta um chamativo relógio de ouro, é cordial. O disfarce perfeito.

Na delegacia, dois advogados acompanhavam Hilary durante todo tempo. Acusado de associação para o tráfico de drogas e lavagem de dinheiro, ele seria encaminhado provisoriamente à cadeia pública da cidade. Há 40 dias, a Polícia Civil monitora, com autorização judicial, as ligações feitas por Hilary. Por telefone, afirma a polícia, ele coordenaria cada uma das etapas da organização criminosa que atua no Estado, exportando droga por meio de mulas – homens, muitos deles nigerianos, que transportam entorpecentes em vôos internacionais. A droga sairia da Colômbia ou do Peru e seguiria para São Paulo. Seria trazida para a região e, daqui, levada já no estômago dos mulas ao Aeroporto Internacional de Guarulhos. O destino final eram países como Áustria, Suíça e Espanha.

Investigadores da Dise fizeram segunda-feira várias batidas simultâneas. Na capital, outras três pessoas foram presas – um camaronês, uma nigeriana e uma brasileira. A africana Ngozi Dike também trabalharia como comerciante no Centro da capital. Na quadrilha, segundo a polícia, ela seria o braço direito de Hilary. Com a brasileira e o camaronês, no bairro Rio Pequeno, na capital, foram encontrados meio quilo de cocaína pura. Outro homem conseguiu fugir, em uma batida do Parque São Rafael, na zona Leste da capital. Até o fechamento desta edição, a polícia ainda procurava outros integrantes do esquema e, principalmente, uma grande quantidade de cocaína que estaria em poder do grupo.

Na última quinta-feira, foi preso na capital outro nigeriano. Barnabas Chibundu foi detido no metrô Patriarca, zona Leste, por policiais da Dise de Santo André. Ele confessou ter sido pago apenas para trazer meio quilo de cocaína para a região. Pelo serviço, afirmou ter recebido US$ 50. Para transportar a droga no estômago em vôos internacionais, mulas chegam a receber cem vezes mais.

Com os acusados presos segunda-feira, foi encontrado material para este tipo de esquema de transporte. Destaque para o papel especial para enrolar a droga que pode burlar o raio X dos aeroportos. Também foram apreendidos dezenas de embalagens plásticas, adesivos, entre outros, usados para embalar a droga a ser transportada no estômago.

Os casos de prisões de africanos, acusados de envolvimento com tráfico internacional de drogas, têm se tornado cada vez mais freqüentes. Segunda-feira, o sul-africano David Gregory Lewis foi preso levando cocaína em tubos de pasta de dente, em Guarulhos, prestes a embarcar em vôo para seu país natal. Na semana passada, outro preso. O nigeriano Adebaiu Kaisem Bolage foi detido no Aeroporto Internacional, com 18 quilos de cocaína no fundo de caixas de sapato.

Como era o esquema

Hilary Okeychukwu Onwuatu
Acusações: associação para o tráfico de drogas e lavagem de dinheiro

Função na quadrilha: Ele seria o líder da quadrilha. Compraria as drogas diretamente de peruanos e colombianos. Negociaria a droga para a venda. Também é acusado lavar dinheiro em uma loja de automóveis no bairro Santa Terezinha, Santo André.

Residência: Vila Bastos (acima), Santo André

Nacionalidade: nigeriano

Petty Emba
Acusação: tráfico de drogas

Função na quadrilha: a polícia ainda investiga o que ele fazia. Foi encontrado em uma casa na capital, com meio quilo de cocaína pura.

Residência: Rio Pequeno, capital

Nacionalidade: camaronesa

Ngozi Dike
Acusação: associação para o tráfico de drogas

Função na quadrilha: Trabalharia como uma espécie de auxiliar de Hilary. Distribuiria os entorpecentes e coordenaria os transportadores, afirma a polícia.

Residência: Rio Pequeno, capital

Nacionalidade: nigeriana

Gilcilene Maria de Oliveira
Acusação: tráfico de drogas

Função na quadrilha: empregada de Ngozi, ela foi encontrada com a droga em sua casa, onde também estava o camaronês Petty Emba. A polícia ainda apura se ela é apenas uma ‘laranja‘ ou se está envolvida mais profundamente com a máfia nigeriana.

Residência: Rio Pequeno, capital

Nacionalidade: brasileira

Pelo mundo
Cocaína pura sai da Colômbia ou Peru. Entra no Brasil pela Foz do Iguaçu, trazida por peruanos ou colombianos. Segue sentido à capital de São Paulo. No centro da cidade, é adquirida pelos nigerianos. Depois, a droga vem para Santo André, onde seria embalada, e seguiria para o Aeroporto Internacional de Guarulhos. De lá, segue para o mercado europeu.




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