Calma! O Diário não voltou no tempo ou lançou a coletânea Os Grandes Comparativos do Passado. Às vésperas do Salão do Automóvel de São Paulo de 2010, resolvemos colocar cara a cara, mais uma vez, os dois veículos que tornaram-se ícones e rivais desde a metade da década de 1980 no cenário automotivo nacional. Isso mesmo, estamos falando de Volkswagen Gol e Fiat Mille - ou velho Uno, como alguns ainda o chamam.

Mas para dar sabor a esse calejado duelo, colocamos frente a frente as versões Economy do hatch produzido em Minas Gerais e o Ecomotion do modelo natural de São Bernardo, claro, ainda em sua geração 4.

E vamos ao que realmente interessa: preço! Afinal, não adianta ser pequeno, com visual atrasado - e coloca atrasado nisso -, pouco equipado e ainda custar caro. E neste ponto, Uno - ou melhor - Mille (desculpem o ato falho) leva vantagem por partir de R$ 25.670, na versão quatro portas peladão - R$ 1.930 menos que o Gol. Com o mínimo de requinte - ar-condicionado, direção hidráulica, travas e vidros elétricos (diga-se de passagem, eles não oferecem muito mais que isso)-, a diferença de preço fica ainda maior. O Mille pula para R$ 30.060, equanto o Volks salta para R$ 32.820 - buraco de R$ 2.760.

Mas não apenas na hora de tirar o popular da concessionária a palavra economia se faz presente. Rodando, o consumidor espera desses dois velhos de guerra baixo consumo de combustível. E ambos cumprem o prometido. Com etanol apenas - definitivamente a bebida preferida dos proprietários dos veículos de entrada -, Ecomotion e Economy fizeram mais de 11,5 km/l apenas na cidade.

Tal consumo é resultado dos motores 1.0 8V bicombustível de ambos. E apesar de o Total Flex da Volks ter números ligeiramente mais vigorosos - são 5 cv e 0,5 mkgf de torque a mais, quando abastecidos com álcool -, o fato de o Fiat entregar força total a rotações mais baixas torna o Mille tão ágil quanto o Gol nas saídas e retomadas.

O Volkswagen tem transmissão com engates mais precisos que a do Mille e suspensão melhor calibrada para a proposta do veículo. No entanto, a posição de dirigir baixa demais - a do Fiat é mais elevagada e agradável - e o volante torto incomodam até os menos exigentes.

Internamente, o Gol, com distância entre os eixos 11 centímetros maior, acomoda melhor pés, joelhos e cabeça dos ocupantes. Já o porta-malas é 5 litros menor - pouco para sedãs, mas um latifúndio para hatches compactos.

Acabamento, como não poderia ser diferente, simplório ao extremo. Muito plástico, pouco tecido. O painel de instrumentos de ambos é pobre também - sem conta-giros. Destaque para os leitores de consumo instantâneo, analógico no Mille e digital no Gol.