Bastam lápis, papel, tecido, colher ou tampinha e, se tiver companhia, bagunça fica mais gostosa
Antigamente, quando não existia internet, as crianças precisavam apenas umas das outras para brincar. Fosse de pega-pega ou siga o mestre. E quando precisavam de algo mais, não era de muito, já que na diversão a imaginação é que manda.
Já parou para pensar que para passar uma tarde toda se divertindo basta um pedaço de chão e um giz para riscar? Com isso se desenha uma amarelinha, em que cada jogador joga a pedrinha na casa marcada com o número 1 e vai pulando de casa em casa, partindo da casa 2 até o fim, chamado Céu.
Ou quem sabe uma folha em branco e lápis de cor, para deixar a imaginação criar os mais interessantes cenários para uma história. A verdade é que brincar faz bem, não precisa de muito para isso e há diversas possibilidades de brincar longe das telas de smartphones e games.
Em Santo André, na casa dos irmãos Luanda, 9 anos, Nino, 7, um pedaço de pano virou balanço na casa. Esse, aliás, é um dos locais prediletos dele. “Gosto muito de balançar no tecido que fica amarrado no quintal”, conta.
Luanda diz que entre as brincadeiras que faz com o irmão há uma em que um corre com a bola na mão e o outro vai atrás para tentar pegar. E entre eles há a Farofa, cachorra da casa, que se diverte junto.
“Adoro coisa reciclável. Gosto de criar coisas de decoração ou miniaturas para a casa de boneca com caixinha, fita crepe, palito”, conta Luanda.
Ela e Nino são sempre incentivados pelos pais a usarem a imaginação para brincar. “Um dia peguei um prato e um copo de aniversário, colei e virou uma nave”, diverte-se Nino. Recentemente a família pintou uma amarelinha na calçada. E para eles, a ideia é que isso traga felicidade, inclusive para as pessoas que por lá passarem.
Em Mauá, na casa das irmãs Pietra, 8, Marina, 3, e Betina, 1 ano e 9 meses, a diversão não para também. Sempre juntas, encontram felicidade nas brincadeiras simples.
Marina, por exemplo, gosta de brincar com tampinhas. “Você tem que colocar uma em cima da outra e fazer um castelo ou uma torre muito grande”, explica.
Pietra conta que uma das brincadeiras dela com as irmãs é pega-pega, em que um jogador precisa correr atrás dos outros e tocar um deles. Quem for tocado, automaticamente vira o pegador e passa a correr atrás dos outros.
“Adoro brincar com pano, tampinhas, copos plásticos, potes, colheres, avião de papel, bolinhas, corda, tintas e bambolês”, completa Marina, que diz ainda que brincam juntas todos os dias e isso “faz muito bem”.
Criar os brinquedos faz família passar mais tempo junta
Em Rio Grande da Serra, as irmãs Catharina, 12 anos, e Valentina, 5, adoram brincar. E a diversão começa junto dos pais, construindo os brinquedos com vários materiais.
Tampinha de garrafa, tinta, cola e o que mais aparecer servem para aguçar a imaginação. Um pedaço de madeira, sem utilidade, ganhou tinta e se tornou tabuleiro para jogar dama.
Catharina conta que ela e a irmã adoram criar os brinquedos. “Vemos vários vídeos e a partir deles vamos buscando os materiais para criar”, explica.
Valentina diz que gosta de brincar de bonecas, mas se diverte também com massinha caseira, argila e desenhando.
Segundo Catharina, seus pais, Rodrigo Leite, 36, e Isabella Fraga, 31, sempre conversam sobre a importância de criar, de reaproveitar as coisas e de doar o que não usam mais. Além disso, fazer os brinquedos, para elas, tem outra importância. “Passamos mais tempo juntos (em família), recortando, colando e deixando o celular de lado”.
Educadora musical dá dicas para se divertir com pouco
Mãe de três meninas, a flautista e educadora musical de Mauá Tatiane Vilardi Argasuku Ferreira, 39 anos, conta que para se divertir não precisa de muito. Ela, por exemplo, usa os sons que o próprio corpo pode criar para inventar brincadeiras.
Ela explica que para criar brincadeiras, quanto menos recursos, mais teremos que estimular a criatividade. “É possível se divertir com pouco ou nenhum material muitas vezes.”
Pais e crianças que quiserem saber por onde começar na hora de inventar brincadeiras lúdicas podem pegar dicas com Tatiane no YouTube e Instagram (Brincanto Musical).
Além de brincar com os sons do corpo, como com palmas, por exemplo, pesquisar as possibilidades sonoras de objetos como copos, colheres, potes e panelas e acompanhar canções são algumas das dicas boas.
“Transformar duas colheres em várias coisas, como, por exemplo, passarinhos voando, avião, bater uma na outra simulando o som de grilos etc”, sugere.
Tatiane diz ainda que o simples fato de estimular a criatividade para se criar algo prepara as crianças para serem criativas quando chegarem na vida adulta, conseguindo resolver os problemas com desenvoltura, agilidade e eficiência.
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