Setecidades Titulo Violência escolar
Estudante é esfaqueada em escola privada de S.Bernardo

Jovem de 17 anos foi atingida no pescoço com faca de cozinha por aluno de 15 durante a aula; polícia investiga motivação

Flavia Kurotori
Do Diário do Grande ABC
03/10/2019 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


Aluna de 17 anos do Colégio Ábaco, no bairro Assunção, em São Bernardo, foi atingida por facada proferida por outro estudante da escola, um adolescente de 15 anos. A vítima foi encaminhada para o Hospital Assunção, localizado no mesmo bairro da instituição de ensino, e tem quadro de saúde estável, segundo familiares. 

O caso ocorreu por volta das 15h, quando a estudante foi ao banheiro feminino com as amigas. Última a deixar o local, ela foi surpreendida por trás pelo adolescente, que se escondeu em um dos boxes e acertou a menina com uma faca de cozinha na região abaixo do pescoço. Sangrando, a menina pediu ajuda em uma das salas de aula, onde colegas e professores a acudiram e chamaram socorro. 

Ao mesmo tempo, o autor do ataque fugiu da escola. Ele foi identificado por meio de câmeras de segurança por funcionários e apreendido em casa pela polícia. O garoto passou a tarde e parte da noite no 3º DP (Assunção), onde recebeu atendimento psicológico com profissionais levados pela escola e  pelos pais. Hoje, de acordo com o delegado Victor Hugo Borges, o adolescente será ouvido pelo Ministério Público e pelo Poder Judiciário. Uma vez que envolve menor, o processo tramitará em segredo de Justiça.

A PM (Polícia Militar) cogita que a motivação do ato infracional tenha sido passional ou fruto de algum problema psicológico. “Ele (o jovem) não é convicto na explicação do motivo, ele dá razões que não são compreensíveis”, relatou o tenente da PM Wesley Xavier.

No entanto, Nilton Furtado, pai da vítima, ressaltou que a filha não conhecia o agressor. “Ela foi alvo de uma tentativa de homicídio por um menino que não conhecia. Tem gente dizendo que ele a pediu em namoro e ela recusou, mas não é verdade. Ela só estava no lugar errado na hora errada”, assinalou. 

PÂNICO

Depois do acontecido, alunos de todas as turmas foram reunidos na quadra e dispensados mediante presença dos responsáveis, inclusive na outra unidade da escola, que fica a poucas quadras do local. Até o fechamento desta edição, a instituição estava interditada para perícia.

A equipe do Diário esteve no local por volta das 16h, quando havia grande movimentação de pais e alunos na porta do colégio. Ainda que muitos não soubessem o que de fato tinha acontecido, o clima era de tensão, já que os boatos do ataque corriam em redes sociais.

O Colégio Ábaco não respondeu aos questionamentos da reportagem. Entretanto, comunicou pelas redes sociais que tratou-se de “evento isolado envolvendo dois alunos da instituição, em contexto que será esclarecido pela investigação policial”. A instituição de ensino destacou que “está prestando toda assistência necessária e se solidariza com as famílias envolvidas”.

ATAQUE EM MASSA

Questionado sobre a possibilidade de o menor ter planejado atacar mais pessoas da escola, Xavier salientou que o caso será investigado, porém, não há indícios de que esta era a intenção. “Ele atuou de maneira sucinta, direta e rápida e, em seguida, foi embora. Não identificamos algo de maior magnitude”, explicou.

VIOLÊNCIA

Em março, ataque na EE Professor Raul Brasil, em Suzano, deixou, dez mortos. Na semana passada, adolescente de 17 anos ameaçou pelas redes sociais reproduzir o caso no Colégio Metodista, em São Bernardo. Entretanto, ao ser questionado pela Polícia, afirmou ter sido uma “brincadeira de mau gosto”.

VIGÍLIA

Pais de alunos do Colégio Ábaco prometem promover hoje, às 7h, vigília em frente à unidade de ensino. Segundo o comunicado divulgado pelo Whatsapp, trata-se de “ato de solidariedade e apoio ao colégio e a todas as famílias”. 

(Colaborou Vanessa Soares)

Unidades devem investir em ações de prevenção

O acompanhamento psicológico individualizado dos estudantes e de seus familiares é o caminho para evitar situações de violência escolar. Isso é o que considera o advogado especializado em direitos da criança e do adolescente Ariel de Castro Alves. 

Para o especialista, as unidades de ensino, em especial as privadas, que detém mais recursos do que as públicas, precisam investir em equipe de professores mediadores, assim como assistentes sociais e psicólogos para trabalho preventivo. “Se as escolas particulares não conseguem prevenir esses casos, imaginemos então as escolas públicas, que são desestruturadas”, observa Alves.




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