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Alta do gás afeta mercado residencial
Daniel Trielli
Do Diário do Grande ABC
31/05/2008 | 07:04
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O aumento generalizado do preço do gás natural, autorizado pela Arsesp (Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo), pode comprometer o crescimento do setor. Além do GNV, o gás encanado vendido às residências teve seu reajuste anunciado. A alta será de 17,76% para consumo de até 16 m³ por mês e de 16,96% para 40m³/mês.

Segundo a Comgás, o custo médio do produto para a empresa subiu 39,71% nos últimos 12 meses. "A companhia vinha absorvendo toda esta diferença entre o valor pago pelos clientes, na forma de tarifa, desde maio de 2007", revela em comunicado. A companhia diz que os motivos são novos patamares de preços praticados pela Petrobras e reajustes nos contratos entre Bolívia e Brasil. "Este repasse não gera lucro para a empresa", garante Sérgio Luiz da Silva, vice-presidente da Comgás.

Com ou sem lucro, a notícia veio para dar um pouco de alívio os revendedores do GLP (Gás Liqüefeito de Petróleo), também conhecido como gás de cozinha ou de botijão. O setor vem perdendo espaço com o aumento do mercado do gás natural nas residências.

"O gás encanado atinge em cheio o GLP. Sentimos um impacto forte nas vendas, principalmente em condomínios residenciais", conta Rogério Jorge, sócio-proprietário da Brasgás, revenda da Liquigás em Diadema. "Perdemos vários clientes. Três condomínios de grande população da nossa área estão migrando para o gás natural. Isso representa cerca de 11,2% das nossas vendas", explica.

O presidente do Sindigás (Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Gás Liqüefeito de Petróleo), Sérgio Bandeira de Mello, diz que não há nada a temer, porque o atual avanço do gás natural é "cíclico". "É preocupante que os revendedores estejam assustados, mas acreditamos que isso seja algo passageiro", conta. "Temos visto muitos casos em que os consumidores migram para o natural e voltam para gás liqüefeito. Então, qualquer queda vai ser revertida, com certeza", afirma Mello.

"Para algumas escalas de consumo, como indústrias cerâmicas, o gás natural é imbatível. É mais barato e atende perfeitamente as necessidades. Mas se você é pequeno consumidor, como um restaurante, padaria, condomínio ou casa individual, o gás natural não chega mais barato do que o gás liqüefeito por uma questão de escala.

No caso do Estado de São Paulo, ele comparativamente é mais caro." Mello explica que o valor térmico (quantidade de energia em um determinado volume) 23% maior do GLP em relação ao seu concorrente é o que ajuda. "A recomendação que damos aos consumidores é de que o gás natural é um excelente produto, assim como o GLP. Mas que na hora de fechar o negócio, confira os preços de cada um", orienta o presidente do Sindigás, para justificar que, na maioria das vezes, o botijão leva vantagem.

MARKETING
Mesmo assim, o GLP perde mercado. E, para combater isso, o Sindigás vai investir, nos próximos cinco anos, R$ 15 milhões em marketing. "O grande pecado, tanto da distribuição como o de revenda foi deixar que a imagem do gás liqüefeito tenha se desgastado tanto e se tornado visto como uma energia ultrapassada", lamenta Mello. "Queremos a imagem de um velho conhecido com uma energia moderna."




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