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Mortes por vírus da gripe quadruplicam na região

Registros de óbito em razão da Influenza passaram de seis, em 2017, para 26, neste ano

Juliana Stern
Especial para o Diário
21/10/2018 | 07:00
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Divulgação


A região viu os casos de SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave) confirmados para o vírus Influenza, o mesmo da gripe comum, aumentar em 290% em um ano, segundo dados da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo. No mesmo período, os registros de óbito em razão da doença quadruplicaram entre as sete cidades (passaram de seis para 26). O problema chama a atenção de especialistas, que apontam as mudanças climáticas e a baixa cobertura vacinal como possíveis causas para o cenário.

Até setembro desde ano, 117 casos de Influenza foram registrados no Grande ABC. No mesmo período do ano passado, entretanto, foram registrados apenas 30 pacientes com a doença. A faixa etária mais crítica para o mal é a idosa, tendo em vista que dos 26 óbitos observados entre as sete cidades, 12 eram pacientes com 60 anos ou mais.

Os números da região acompanham os do Estado, que, até setembro deste ano, registrou 2.044 pacientes contaminados pelo vírus da gripe – aumento de 245,8% em comparação com os 591 do ano passado. Em relação às mortes, foram a óbito 493 paulistas desde janeiro, sendo 244 idosos.

Para a diretora do centro de vigilância epidemiológica de São Paulo, Regiane de Paula, a alta dos casos pode ser explicada, principalmente, pelo clima, visto que a doença é sazonal. Segundo ela, neste ano houve alterações mais frequentes de temperatura, além de inverno mais rigoroso e duradouro, o que beneficia a disseminação do vírus. “A sazonalidade foi o fator principal. Tivemos um período de frio maior do que o do ano passado, com temperaturas mais baixas também.”

A baixa taxa de vacinação também é levada em conta na hora de explicar os números. A campanha nacional de imunização contra o vírus Influenza, iniciada em 23 de abril, foi prorrogada duas vezes pelo governo federal para atingir a meta de vacinação, focando principalmente na população idosa. Em Santo André, por exemplo, de um público-alvo de 281.197 pessoas acima dos 60 anos, 261.401 foram vacinadas depois das prorrogações, o que significa uma cobertura vacinal de 93%. Apesar de satisfatório, o índice ainda ficou abaixo da meta de vacinar 95% da população estimada.

O desafio das campanhas, conforme Regiane, é vencer medo das reações, as notícias falsas e falta de informação da população. “Estamos trabalhando para aumentar a cobertura de todas as vacinas, não só a da gripe, porque as fake news estão prejudicando as campanhas.”

Exemplo de falta de informação sobre vacinas é que os pacientes não sabem que a proteção deve ser tomada anualmente por conta das mutações que o vírus sofre. A vendedora Flávia Maria Cardoso, 62 anos, de Santo André, não costuma se imunizar. “Acho que não preciso e, com o trabalho, não acho tempo para tomar”, conta.

Liberada vacina exclusiva para idosos

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) liberou o uso de vacina desenvolvida exclusivamente para pacientes acima dos 65 anos. A imunização apresentou-se 24,2% mais eficaz na proteção contra a gripe em comparação à trivalente, aprovada atualmente no Brasil.

O medicamento foi desenvolvido com uma dose mais alta de antígenos, fazendo com que o paciente produza uma quantidade maior de anticorpos, o que ajuda a promover uma resposta imune mais efetiva.

Segundo a diretora médica da Sanofi Pasteur, empresa responsável pelo medicamento, Sheila Homsani,a vacina foi pensada para proteger a população mais vulnerável. “Adultos a partir dos 65 anos sofrem mais com complicações associadas ao vírus, porque o sistema imunológico é mais fraco”, afirma.

A vacina é trivalente e protege contra os vírus Influenza A H1N1, Influenza A H3N2, e um tipo de Influenza B, de acordo com a recomendação anual da OMS (Organização Mundial da Saúde).  




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