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Saddam aparece em passeio por Bagdá e convoca civis à guerra
Por Do Diário OnLine
05/04/2003 | 02:35
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A TV estatal do Iraque exibiu nesta sexta-feira, pela primeira vez desde o começo da guerra, imagens do presidente Saddam Hussein andando pelas ruas bombardeadas de Bagdá. Vestido como militar e cercado por seguranças, um Saddam sorridente é saudado por populares (muitos deles armados) com palavras de ordem e gritos de guerra. Aparentando estar em plenas condições de saúde, o ditador acena para a multidão, recebe beijos dos populares e pega uma criança no colo.

Saddam Hussein chegou a subir no capô de um carro para saudar a multidão. O ditador, entretanto, não discursou ou proferiu qualquer palavra.

Cerca de duas horas antes de exibir imagens do passeio de Saddam Hussein, a TV estatal transmitiu um pronunciamento ao povo lido pelo próprio presidente – ao contrário do que ocorreu nos últimos dias. No discurso, Saddam faz referências a fatos ocorridos após 20 de março, data em que começaram os ataques da coalizão anglo-americana contra o Iraque. Mais uma vez, o ditador exorta a população civil a "sair às ruas com suas armas" para lutar contra a invasão americana.

Saddam citou o exemplo de um agricultor do sul do Iraque que teria derrubado um helicóptero americano usando uma espingarda. A queda do Apache numa propriedade rural iraquiana ocorreu na primeira semana da guerra.

"Golpeiem com a força da lei os que se aproximarem e resistam a eles, corajosos de Bagdá", proclamou o líder iraquiano. "Com a ajuda de Deus, venceremos. Nossos mortos estarão no paraíso e os deles vão para o inferno. Deus é o maior, Deus é o maior", repetiu Saddam, falando mais uma vez na Jidah (guerra santa).

Dúvidas - Mais uma vez, o governo americano levantou dúvidas sobre as imagens de Saddam transmitidas pela TV iraquiana. Segundo a rede de informações CNN, fontes oficiais dos Estados Unidos admitiram que é "provável" que o ditador esteja vivo.

O porta-voz da Casa Branca, Ari Fleischer, disse que a Inteligência americana vai investigar as imagens para apurar se foram forjadas. "Mas isso (ser ou não Saddam) não é importante. O regime dele está com os dias contados", disse o porta-voz.

"É claro que o futuro ou o destino de Saddam Hussein é um fator, mas (...) se estiver vivo ou morto, a missão avança e os dias do regime estão contados", acrescentou Fleischer.

Mesmo as cenas do passeio do presidente iraquiano por Bagdá foram questionadas pelo comando militar americano. Em algumas cenas da caminhada, grossas colunas de fumaça podiam ser vistas ao fundo. Seria mais uma indicação de que Saddam sobreviveu aos "ataques de decapitação" lançados pelos EUA há mais de duas semanas contra instalações do governo iraquiano.

O Pentágono acha que não há provas suficientes para comprovar o estado real em que se encontra o ditador. "Achamos interessante que Saddam Hussein considere necessário caminhar pelas ruas para provar que está vivo", afirmou nesta sexta-feira o general Stanley McChrystal, do Estado-Maior Conjunto dos EUA.

"O que não vemos é o exercício de um controle e comando eficaz", destacou Stanley McChrystal, reforçando a tese americana de que Saddam Hussein não exerce mais o mesmo poder no governo.

O secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, disse que a aparição de Saddam Hussein não afetará psicologicamente as tropas dos EUA. "Nós temos o domínio parcial do Iraque e teremos o controle total em breve", comentou.

Especialistas ouvidos por TVs americanas durante toda a sexta-feira afirmaram que o passeio por Bagdá provavelmente foi feito por um dos diversos sósias que Saddam Hussein tem no Iraque.

Uma observação feita de forma recorrente foi a pouca quantidade de seguranças cercando o ditador – seriam cerca de meia dúzia, fardados e armados. Outro detalhe que chamou a atenção dos especialistas foi a ausência de discurso. Os peritos americanos poderiam afirmar com mais certeza se era realmente o presidente iraquiano tomando como base a voz e padrões de fala.

Com agências




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