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Programa Adote uma Praça é fiasco na região
Por Leandro Calixto
Do Diário do Grande ABC
21/06/2005 | 08:00
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Programas de adoção de praças públicas pela iniciativa privada são, na prática, letra morta nos municípios do Grande ABC. Apenas três das aproximadamente 1,4 mil praças existentes na região têm a manutenção patrocinada. O número representa menos de 0,21% do universo que poderia ser explorado. Nem mesmo a economia de cerca de R$ 20 mil ao ano em conservação por praça parece animar o poder público a estimular parceria com empresas. O desinteresse é tamanho que em Santo André e Rio Grande da Serra o tema ainda não passa de projeto.

A lei mais antiga em vigor – de 1993 – é a de Ribeirão Pires. Mas foram 12 anos de inoperância. Nenhuma praça, dentre as 200 da cidade, foi adotada. O secretário municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo, Marcelo Menato, promete mudar esse panorama nos próximos dias. Ele garante que já tem uma empresa fechada e que outras 15 se comprometeram em ajudar na manutenção das áreas. “É um ato de cidadania quando a empresa participa de um programa como este. Além de ser um apoio barato para a divulgação da marca, não existe nenhuma contra indicação para ser definido”, afirma o secretário.

Em São Caetano, onde a lei já completou sete anos, o único patrocínio concretizado é com a General Motors. A montadora adotou o canteiro central da avenida Goiás, principal via da cidade. Já as 60 praças não caíram nas graças dos empresários. O diretor de Serviços Municipais, Dorival Fernandes, informou que já recebeu algumas propostas para adoção. Mas diz não ter pressa para resolver a questão. “É necessário analisar tudo com muita calma. Não precisamos sair correndo por aí para que as empresas adotem nossas praças.”

Por falta de divulgação, falta de vontade política ou desinteresse das empresas, o cenário não é muito diferente em São Bernardo. O Adote uma Praça foi lançado em 2000 na cidade, mas apenas uma foi adotada.

Com apenas duas praças patrocinadas, Diadema consegue ser recordista na região. Um dos patrocínios é de uma empresa pública, a ETCD (Empresa de Transporte Coletivo de Diadema), e se resume à conservação do gramado de uma pequena ilha da avenida Juscelino Kubitschek

Assim como em Diadema, a lei vigora em Mauá desde 2003, sem efeitos até agora. Mas o Adote uma Praça deve passar por revisão. “Seria interessante dividir esse ônus. Esperamos até o início do segundo semestre começarmos a divulgar o programa”, prometeu Sônia Ferreira, diretora do Meio Ambiente.

Na contramão da região, outras cidades no Estado de São Paulo registraram bom desempenho no programa. Em Mogi das Cruzes, município localizado no Alto do Tietê, 38 das 151 praças da cidade foram adotadas desde 1997, quando a lei entrou em vigor. O patrocínio atraiu empresas de todo porte, do pequeno comércio a multinacionais.

“O programa só traz benefícios tanto para o município quanto para as empresas. A cidade ganha com espaços bonitos e bem cuidados e as empresas lucram com a divulgação de suas marcas, e mais do que isso, demonstram ao público sua preocupação com desenvolvimento e fotaletalecimento do município”, explica o prefeito de Mogi, Junji Abe (PSDB).

Para a publicitária e especialista em responsabilidade social, Ana Cláudia Govatto, o projeto de adoção de praças é válido porque toda parceria provoca transformações sociais na cidade. Mas ela lamenta que o projeto ainda esteja engatinhando na região. “As prefeituras precisam sair da toca e mostrar o programa para empresas. Só assim irão contribuir com as cidades. E para imagem delas, a parceria é ótima. A empresa passa a ser vista de forma mais agradável perante a sociedade”, analisa Ana Cláudia.

Lanternas – Em Santo André, o Adote uma Praça depende de regulamentação que vai sair por decreto. Segundo a Prefeitura, o departamento jurídico da administração está analisando o projeto e deve se posicionar em 90 dias.

Em Rio Grande da Serra, o secretário de Obras e Meio Ambiente, Luis Gabriel da Silveira, anunciou que também irá apresentar um projeto de lei para adoção de praças na cidade. Mas antes, a Prefeitura vai reformar as principais praças dentro de um projeto de reubarnização do centro. “Depois de deixá-las em perfeitas condições, iremos procurar empresas que possam nos ajudar”, disse.




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