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Aids: mulher acima de 50 anos é alvo
Por Luciana Sereno
Do Diário do Grande ABC
30/11/2002 | 17:20
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Mulheres casadas com mais de 50 anos estão dentro do perfil de população mais vulnerável ao vírus HIV no terceiro milênio. Em São Caetano, onde até 1997 apenas 5% dos pacientes soropositivos estavam nesta faixa etária, hoje, 20% dos portadores do vírus da Aids são mulheres idosas. A proliferação da doença entre as mulheres também é fato nas demais cidades do Grande ABC e vem sendo percebida desde o ano passado.

O aumento da sobrevida e da qualidade de vida dos brasileiros é apontado por especialistas de saúde como motivador para o aumento do índice. Segundo a coordenadora do programa DST/Aids de São Caetano, Lucy Vasconcelos, os medicamentos para tratamento da impotência evitam que a vida sexual seja interrompida cedo. “Aqui na cidade, por exemplo, 30% dos moradores tem mais de 60 anos.”

Além disso, os médicos alegam que a mulher continua com papel submisso no que se refere ao uso do preservativo. “Se o homem não quer utilizar o preservativo com medo da impotência a mulher acaba cedendo à decisão.” A coordenadora do programa em Diadema, Sueli Aparecida Queiroz Martins, tem a mesma opinião e acrescenta que este grupo de mulheres mantém relações sexuais sem preservativo e acabam sob risco de contrair Aids como resultado de uma relação extraconjugal do passado do parceiro.

Em Mauá, além de a mulher encabeçar a maioria dos novos casos de Aids, a baixa escolaridade é um outro indicador. “As mulheres que se contaminam, geralmente pelo parceiro fixo, têm situação econômica precária”, disse a coordenadora do Coas (Centro de Orientação e Apoio Sorológico), Maria José Basaglia. “Sendo de baixa renda, a mulher tem medo de encarar uma separação e acaba por aceitar não usar preservativo.” Em muitos casos, as mulheres até têm conhecimento dos relacionamentos extraconjugais do marido.

A submissão da mulher associada ao preconceito e à discriminação que ainda existe para com os soropositivos, segundo Maria José, são hoje o principal complicador para o tratamento da doença. “Ainda falta respaldo da sociedade, porque o soropositivo tem muitas dificuldades para continuar no mercado de trabalho.”

Os portadores de HIV cadastrados na rede pública de saúde de Ribeirão Pires têm entre 20 e 58 anos. Dos 110 casos matriculados até outubro deste ano, 61 são mulheres. Destas, 57 afirmam terem contraído a doença pela relação sexual. O aumento de 18 pacientes sobre o total de 2001 (92 casos) incluiu o resultado positivo do anti-Aids em 13 mulheres.

Homossexualismo – Em algumas cidades, como São Caetano e São Bernardo, homossexuais também entram como público vulnerável. Em São Bernardo, estudos realizados bairro a bairro mostram um crescimento da doença entre os homossexuais com menos de 25 anos. Em 2000, 28,5% dos casos soropositivos da cidade foram verificados neste grupo. No entanto, a cidade apresenta uma redução no número de casos de Aids entre usuários de drogas. Caiu de 24,7% em 1991 para 4,1%, em 2000.




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