Expoente da vida off-road, a Jeep, de uns tempos para cá, passou a catequizar alguns de seus modelos, tornando-os mais civilizados, confortáveis e menos avessos ao convívio social. No entanto, por exigência dos admiradores e consumidores, a marca mantém o DNA robusto - essencial entre os aventureiros. Esse é o caso do valente Cherokee Limited.

Com preço sugerido de R$ 129,9 mil, o indígena de motor 3.7 V6 de 205 cv e 32,01 mkgf de torque traz na generosa lista de equipamentos de série um ponto a ser elogiado. Bancos revestidos de couro com aquecimento, freios ABS, air bags (frontais e laterais - dianteiros e traseiros), controlador de velocidade, ar-condicionado automático, direção hidráulica, rodas de liga leve de 17 polegadas, sensor de estacionamento traseiro e volante multifuncional vêm de fábrica e tornam a vida à bordo do selvagem algo agradável.

O acabamento também é aprazível. O couro de qualidade faz interessante e requintada combinação com as peças plásticas - em preto, cinza escuro e cinza claro - e os detalhes cromados. O painel de instrumentos disponibiliza com clareza todas as informações necessárias ao condutor. Ponto negativo somente para o computador de bordo, que oferece todas as funções necessárias, mas que não as disponibiliza em português.

O espaço também é satisfatório. Não chega a ser um latifúndio, mas as medidas atendem às necessidades dos grandalhões tanto nos bancos dianteiros, quanto no traseiro. O porta-malas, com 419 litros de capacidade, também atende bem às necessidades dos que deixam a cidade aos fins de semana.

PÉ NO ACELERADOR
Hora de ligar o Cherokee Limited e ver se os atraentes números de potência e torque são traduzidos em desempenho na pista.

Antes, porém, vamos nos acomodar. Os ajustes elétricos de altura do banco do motorista e as regulagens da coluna de direção possibilitam encontrar excelente posição. Ponto positivo para o sistema de memória Jeep, que possibilita armazenar até duas configurações de ajuste do banco.

Chave no contato, meio giro e os seis canecos começam a trabalhar. Um toque no acelerador e os decibéis sobem. Devo admitir: apesar da necessidade de reduzir o consumo dos veículos, o som de um bloco beberrão é agradabilíssimo.

Colocamos a alavanca do câmbio na posição ‘D' (Drive), aceleramos e nos deparamos com a primeira decepção. O desempenho deixa um pouco a desejar. A caixa de transmissão automática de quatro velocidades tem trocas lentas (com alguns solavancos) e relações longas, inibindo o propulsor de despejar toda a saúde que possui sob o capô.

A suspensão é adequada e respeita os níveis de conforto e segurança. A rigidez do sistema reforçado - afinal, estamos falando de um off-road por natureza - não incomoda no asfalto bem cuidado ou esburacado dos grandes centros urbanos.

Ponto positivo para a tração 4x4 Select-Trac II com reduzida e bloqueio do diferencial central. Em uma pequena trilha de terra - nada extremamente radical -, o Jeep passou sem dificuldades. De certa forma até esnobou os obstáculos impostos.

CONCLUSÃO
O Jeep Cherokee Limited é boa opção para quem não abre mão de conforto e requinte de segunda a sexta-feira, mas que, aos fins de semana, não se preocupa se, no caminho até o lugar para onde vai, a estrada é asfaltada ou não. E, convenhamos, pelo que oferece, o indígena até que tem preço atraente.

Números

MOTOR
3.7 V6 a gasolina

TORQUE
32,01 mkgf a 4.000 rpm

POTÊNCIA
205 cv a 5.200 rpm

COMPRIMENTO
4,49 metros

PORTA-MALAS
419 litros