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Famílias da classe D são
bola da vez do comércio
Vinicius Gorczeski
Especial para o Diário
16/08/2011 | 07:00
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Depois de a classe C conquistar seu mercado, tendo acesso a produtos e serviços dos quais não usufruíam devido à renda, é a vez da faixa D ir às compras. No Grande ABC, essas famílias têm média mensal de R$ 1.203,84, segundo o Instituto de Pesquisas da USCS. Esse estrato social busca consumir o que hoje está presente nos lares da nova classe média, como geladeiras, televisores, aparelhos de som e celulares.

Mas o mercado ainda não está totalmente preparado para atender as 110 mil pessoas da baixa renda que moram nas sete cidades. A avaliação é do vice-presidente da Associação Comercial de São Bernardo, Valter Moura Junior. "O comércio não está voltado a esse perfil porque estava mais focado na classe C, que cresceu muito", diz.

A previsão de elevar o consumo entre os mais pobres ocorre quando se analisa o cenário econômico recente. O coordenador do Inpes/USCS, Leandro Prearo, destaca que a renda média da classe D subiu entre 2009 e 2010 com mais força do que do ano passado para cá. Isso ocorre porque a maioria das atividades da classe D está atrelada ao salário-mínimo, que nos últimos dois anos teve ganhos reais. O que não aconteceu neste ano, em que o piso nacional apenas corrigiu a inflação: daí resulta expansão de renda pouco expressiva em 2011 sobre agosto.

Mesmo assim, essas famílias ainda levam vantagem em relação aos reajustes salariais, se comparadas com as mais ricas. "As classes A e B entre 2009 e hoje diminuíram suas rendas porque os dissídios salariais apenas corrigiram a inflação", diz Prearo.

Apesar da pouca representatividade na região, que tem na classe B a maioria dos seus moradores, Moura afirma que os mais pobres têm grande potencial de consumo.

Exemplo é que a renda hoje não se limita somente à cesta básica. A classe D abastece os carrinhos com alimentos não essenciais; iogurtes, bolachas, sorvetes, refrigerantes, bolos e eletrônicos de menor valor agregado, como celulares. "Esses ainda são adquiridos se forem em varias parcelas", diz Moura.

Em São Bernardo, alguns locais têm sido mais visitados pelos mais pobres. Entre eles, os parques. A Prainha do Riacho Grande, que atrai multidões nos fins de semana ensolarados é um dos pontos de encontro, segundo Moura. Ali, movimentam o comércio local: assim como outros locais de lazer com baixo custo de acesso e consumo.

Para especialista, o comércio só começará a olhar para o potencial de consumo dessas famílias e se preparar para atendê-las quando se esgotarem as vendas para a nova classe média. As medidas de encarecimento do crédito, adotadas desde dezembro pelo governo para conter a inflação, serão o ponto de largada entre os varejistas para a classe D. "Os vendedores também terão de trabalhar com promoções para atraí-los mais", prevê Moura.

 

Diadema mais preparada para novo consumidor

Mauá e Diadema lideram, proporcionalmente, a participação de pessoas caracterizadas como classe D em relação às demais cidades da região. Na primeira, o percentual é de 13,4%, e, na segunda, 11,8% de moradores pertencentes a esse estrato social. Santo André, São Bernardo e São Caetano reúnem a maior parte de suas populações na classe B, e as demais concentram a nova classe média em peso superior (veja a arte acima).

O presidente da Associação Comercial e Industrial de Diadema, Gildo Freire, afirma que o comércio da cidade está adaptado à realidade dos mais pobres, com produtos de menor valor e que atendem ao perfil: móveis e roupas, por exemplo. "Dentro disso, são produtos com menos qualidade, mas que atraem pelas promoções, além da venda ser diferenciada, dentro de varejo mais simples", diz Freire. "Eletrônicos ainda são mais difíceis porque o custo da tecnologia é maior."

Com a entrada de novos equipamentos no mercado, que tendem a rebaixar os custos dos atuais produtos que estampam as vitrines, os comerciantes mudam cada vez mais o foco de clientes, migrando para os mais pobres.




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