Familiares das quatro vítimas fatais, sendo três da região, de explosão em caldeira de unidade da Heineken em Jacareí, no Interior do Estado, que ocorreu no dia 28 de janeiro, ainda aguardam resultado de investigação sobre as causas do grave acidente. Além das dúvidas acerca dos acontecimentos, os parentes não têm parecer sobre indenizações e reclamam de falta de respaldo por parte da empresa cervejeira.

Irmão de um dos funcionários que morreram no acidente, o bancário Lucio Conceição Machado, 32 anos, acredita que as famílias merecem mais atenção. “Nos foi prometido diálogo, mas é sempre uma dificuldade para falar com a empresa. Nunca nos posicionam sobre o andamento da perícia”, reclama o morador de Mauá.

Luiz Machado Neto, 37, vivia com os pais, Ivone Conceição Machado e Luiz Machado Filho, após passar por processo de separação. Ele deixou um filho de 4 anos, Pedro Henrique, lembra o irmão. “A família toda ficou extremamente abalada. Nosso irmão desenvolveu um problema grave no estômago. Até chegamos a pedir ajuda para a Heineken para arcar com o tratamento, mas esse auxílio foi negado”, destaca.

Para um dos diretores do Sindicato da Alimentação, Luciano Antônio da Silva, a morosidade prejudica não só as famílias das vítimas como também os demais funcionários, que seguem trabalhando sem saber se há riscos de acidentes. “Nosso setor jurídico está cobrando os motivos dessa demora. É inadmissível que continuemos sem saber o que aconteceu e que as atividades prossigam”, considera.

Extremamente abalada, a família dos irmãos Altamiro e Cido Agostinho preferiu não se pronunciar sobre os problemas.

A vice-presidente do setor de relações corporativas da Heineken Brasil, Karla Brandão, ressalta que o processo de investigação sobre as causas do acidente segue metodologia criteriosa e complexa e que não pode ser antecipada. “Também temos interesse em concluir o quanto antes. No entanto, é uma responsabilidade grande. Infelizmente ainda não há previsão”, ressalta.

Karla ressalta que a empresa “mantém contato com as famílias e oferece ajuda conforme vão surgindo as demandas”. Sobre a segurança dos trabalhadores, a vice-presidente do setor de relações corporativas garante que o tema é prioridade da empresa. “A companhia está no Brasil há seis anos e nunca havia acontecido acidente em nenhuma das nossas cervejarias. A segurança é um exercício constante.”