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Primeiro vilão
Nino Sato
Da TV Press
27/04/2008 | 07:01
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Daniel Dantas ficou surpreso quando soube que interpretaria o grande vilão de Ciranda de Pedra. Inicialmente escalado para viver o personagem Seu Memé – que será feito por José Rubens Chachá –, o ator dará vida a Natércio, o primeiro vilão de sua carreira. Daniel fez personagens de caráter duvidoso em O Dono do Mundo e Explode Coração, mas nunca havia interpretado um personagem realmente mau-caráter. “Alguns dos meus personagens tinham traços de maldade, mas não eram vilões, eram como assessores dos personagens maquiavélicos. Quando soube que seria o vilão, pensei: ‘que bom, fui promovido!’”, brinca.

A novela se passa nos anos 1950 e, para viver Natércio, Daniel Dantas teve de adotar um bigode e ter orientações sobre o comportamento da época. O ator também fez aulas de esgrima ao lado de Marcelo Anthony, que vive o médico Daniel, e com quem disputa o amor de Laura, interpretada por Ana Paula Arósio.

No entanto, os personagens não se digladiarão em cena. A prática do esporte aconteceu para brincar com a ‘luta’ entre os seus personagens. “Eles estão ‘esgrimindo’ o tempo todo. A gente brinca que a relação fundamental da trama é entre o Natércio e o Daniel, e que a Laura tem a função de movimentar esta história”, supõe.

Para compor um personagem de época, o ator aposta no repertório de expressões e gestos usados na década de 1950. “Acho que às vezes a gente trata os personagens de época esquecendo que, naquele momento, eles não sabiam que eram de época. A restrição do universo comportamental é o que caracteriza o período, até mais do que o figurino”, analisa o ator.

Na trama, Natércio é um advogado envolvido com o processo de industrialização acelerado que o país viveu no período em que a novela se passa. Apesar da visão progressista no trabalho, o personagem é extremamente conservador no que diz respeito à família.

Laura é mantida aprisionada pelo marido e o casamento começa a ruir. Natércio trata a esposa com frieza, o que faz com que Laura entre em depressão e seja considerada louca. O ator acredita que o casal é uma metáfora da forma como os homens lidam com as mulheres. “Acho que homem tem medo de mulher. Daí vem esta tentação de prender aquilo que é assustador”, filosofa.

Timidez - A relação com o sexo oposto fez com que Daniel ingressasse – quase acidentalmente – nas artes cênicas. Quando criança, o ator estudou em uma escola na qual praticamente não havia garotos. Sua timidez o impedia de aproximar-se das colegas, o que levou o ator a participar do grupo de teatro da escola, pois era a única forma de tentar um contato direto.

Após a primeira peça, participou de mais algumas produções do colégio, até que passou um tempo sem atuar. Alguns anos depois, já com 16 anos, Daniel voltou a interpretar e não parou mais.

O retorno aconteceu quando o ator foi assistir ao ensaio de uma peça de um amigo. No dia, um dos integrantes do elenco ficou doente e Daniel o substituiu. “Na verdade, eu fui ver a peça pelo mesmo motivo. Tinha umas moças que eu e meus amigos achávamos bonitas. Fui assistir meio nesse clima de sacanagem” diz, aos risos.

O ator conta, ainda, que um de seus sonhos como ator é interpretar uma mulher. “Mas não um homem que se vista de mulher, e sim uma mulher mesmo. Só que provavelmente isso não vai acontecer”, brinca.




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