Economia Titulo
Classe C domina
mercado de eletros
Por Paula Cabrera
do Diário do Grande ABC
16/12/2010 | 07:18
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O técnico em telefonia Rodrigo Donizete aproveitou o aumento salarial deste ano para investir em um computador moderno. Com ganhos que equivalem a cinco salários-mínimos, ele integra a classe C, faixa social que optou por modernizar a casa em 2010 e já representa 45% das vendas de eletros, as classes D e E ficaram estáveis no período, com 18% da fatia, segundo pesquisa da empresa Data Popular.

Neste ano, as famílias brasileiras gastarão R$ 45 bilhões com eletrodomésticos e eletrônicos, de acordo com o Data Popular. Desse total, R$ 20,1 bilhões virão da classe C, R$ 16,7 bilhões das A e B e R$ 8,2 bilhões das D e E.

O aumento na procura fez com que esse segmento do varejo registrasse o melhor desempenho do setor no ano, com aumento de 36,1% em relação ao ano passado, quando havia desconto nas compras pela desoneração do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados).

Para especialistas, o crédito farto no mercado - que permitia juros zero e entrada facilitada até o início deste mês - e o aumento da renda formal foram fundamentais para a conquista da marca. "Existem linhas de crédito que propiciam essa compra. A classe C tem conseguido ter acesso a esses produtos porque há possibilidade de financiamento maior das compras com esse crédito que veio crescendo ao longo dos anos", aponta a assessora econômica da Fecomercio (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), Kelly Carvalho.

O sócio-diretor do instituto Data-Popular, autor da pesquisa, Renato Meirelles diz que o bom momento do País possibilitou que todas as faixas de renda aumentassem o consumo.

"Por causa desses fatores, a ampliação do consumo, que ocorreu em todas as classes, foi mais intensa nessa categoria."

Segundo o levantamento, que leva em consideração dados da POF (Pesquisa de Orçamento Familiar), feita pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), no início do governo Lula a classe A tinha 55% do consumo desses bens. Já a classe C tinha 27%.

Com o emprego estável e a renda garantida, a classe C, que ainda tem muitos produtos entre os itens de desejo, é o principal foco do mercado varejista. No entanto, o arrocho de crédito anunciado pelo governo - que retirou do mercado R$ 61 bilhões - deve diminuir a velocidade das vendas.

"Para dezembro esse arrocho não mostrará problemas, mas em janeiro pode haver uma freada nesse crescimento. Quem tem menor renda precisará dar entrada maior e isso prejudica esses consumidores. A saída dos produtos crescerá de maneira mais lenta, porque, agora, o crédito tem custo mas alto e prazo mais curto", avalia Kelly.

TAMANHO - Outro fator que explica o potencial de consumo da classe C é o seu tamanho. Com 94,9 milhões de pessoas, a classe média do Brasil representa 50,5% da população, e a AB fica com 10,5%, segundo estudo da FGV (Fundação Getulio Vargas) com base em dados da Pnad 2009 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios).

DESTAQUES - Os itens de desejo e mais buscados pela faixa de renda que ganha entre três e cinco salários-mínimos ainda são computador, geladeira e máquina de lavar, que deram alta no consumo entre 2002 e 2009.

"Usava para estudar, mas, faltava um bom computador que me desse acesso melhor aos vídeos da internet. Neste ano nem economizei, peguei o melhor que tinha disponível e parcelei", conta Donizete.

O morador de Mauá, que vive sozinho, explica, no entanto, que só comprou o computador depois de garantir uma boa TV e a máquina de lavar. "São indispensáveis", justifica.

Enquanto a compra desses itens teve alta, rádio e freezer não tiveram o mesmo desempenho. Nem mesmo com a desoneração fiscal que durou até março deste ano. O rádio manteve a mesma penetração de 2002, enquanto a busca por freezers recuou 12%.




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