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Dirceu convida senadores de PFL e PSDB para jantar com Lula
Por Do Diário OnLine
Com Agências
14/09/2004 | 00:54
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O ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, recebeu nesta segunda-feira à noite, em sua casa, na Península dos Ministros (em Brasília), seis senadores do PFL e o tucano Eduardo Siqueira Campos (TO). O jantar, que contou com a presença estratégica do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi uma investida do governo na tentativa de ampliar sua frágil base no Senado – onde a oposição costuma levar a melhor em questões polêmicas (como a MP dos bingos e o salário mínimo de R$ 275).

A iniciativa do Palácio do Planalto desagradou a líderes da oposição. No PFL, que teve oito convidados, dentro de uma bancada com 17 senadores, a bronca foi ainda maior. Para aumentar a polêmica dentro da legenda, um dos principais articuladores do jantar, ao lado de Dirceu, foi o senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA).

O presidente nacional do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), nem esperou a entrevista coletiva marcada para esta terça-feira, quando pretende se posicionar sobre o jantar, para criticar o colega de partido – com quem já se indispôs politicamente em outras ocasiões. "O senador Antônio Carlos teve uma recaída. Na UDN (União Democrática Nacional) ele já foi chapa-branca. Agora ele virou chapa-branca de novo."

ACM, por sua vez, afirmou que o jantar não foi organizado para afrontar Bornhausen. O cacique baiano alegou que ele e seus colegas convidados pelo ministro Dirceu apenas querem conquistar "uma participação mais ativa" nas questões referentes ao país e ao próprio PFL. "Desejamos que não haja radicalização do governo, nem do PFL", afirmou.

Depois do evento, no final da noite desta segunda-feira, ACM saiu da casa de Dirceu fazendo um balanço positivo do encontro com o presidente: "essas conversas são muito boas e servem para aproximar os senadores e o governo."

Além de ACM, o time de pefelistas presentes ao jantar teve os baianos César Borges e Mário Tourinho, os maranhenses Edson Lobão e Roseana Sarney e o representante do Tocantins João Ribeiro – conterrâneo do tucano Eduardo Siqueira Campos, famoso como o maior interlocutor e amigo de Dirceu no ninho do PSDB.

Mas não foi só no PFL que o jantar causou insatisfação. O senador tucano Álvaro Dias (PR), que não foi convidado, alertou que a tentativa do presidente Lula em "seduzir" oposicionistas pode sair pela culatra, pois os ânimos de tucanos e pefelistas ficaram inflamados com o caso. O paranaense afirmou ainda que o Planalto está tentando diminuir o importante papel exercido pela oposição.

"Eu espero que o jantar seja politicamente indigesto para o presidente da República", disparou Álvaro Dias, da tribuna do Senado, de onde acusou o governo de querer cooptar membros da oposição para garantir a aprovação de matérias que lhe interessam.

Outro importante senador que alertou para a possibilidade de um 'tiro no pé' disparado pelo governo com o jantar foi Renan Calheiros (PMDB-AP), rival de José Sarney na disputa política pelo comando do Senado. Contrário ao projeto que permite a reeleição para as presidências do Senado e da Câmara, Renan Calheiros afirmou que a iniciativa do Palácio do Planalto "mexeu com os brios" do PMDB – este sim um partido da base aliada ao governo, embora seja repleto de dissidências e esteja longe de ser um porto seguro nas empreitadas mais polêmicas lançadas pelo Executivo.

Com hora marcada - A preocupação recorrente do governo em aumentar sua base de apoio no Senado cresceu ainda mais às vésperas do último esforço concentrado de votações no Congresso antes das eleições municipais, previsto para ocorrer esta semana. O Planalto tem pressa especial em ver aprovado o texto que regulamenta as PPPs (Parcerias Público-Privadas), consideradas fundamentais para a promoção de investimentos do setor privado em infra-estrutura e em empreendimentos onde não há dinheiro federal suficiente para a condução de projetos.

Diante da polêmica que se construiu nesta segunda-feira em torno do jantar com membros da oposição, o ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo, saiu a público para minimizar as reclamações de pefelistas e tucanos sobre a suposta "provocação" do governo. "É um jantar com agenda político-institucional", afirmou o ex-deputado, para quem o jantar servirá ao debate de temas que estão na pauta de votações do Senado e interessam ao país. "O governo quer manter com a oposição um diálogo construtivo e respeitoso, em função dos interesses do país e da sociedade."

Aldo Rebelo trocou telefonemas com os líderes do PFL, José Agripino Maia (RN), e do PSDB, Arthur Virgílio Neto (AM), para tranqüilizá-los sobre as reais intenções do Planalto com o evento desta segunda-feira. "O governo não tem razão e motivo para que essa iniciativa do jantar seja tomada como afronta ou provocação aos partidos de oposição."




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