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Grande ABC dividido quanto ao salário
Por Nicolas Tamasauskas
Do Diário do Grande ABC
24/03/2007 | 07:08
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A possibilidade de reajuste de 26,4% nos salários dos deputados federais – discutida nos últimos dias em Brasília e que pode virar realidade já na próxima semana – divide a opinião dos parlamentares do Grande ABC. O Diário ouviu sete deles, entre federais e estaduais (que devem ser beneficiados no futuro com o efeito cascata de seus vencimentos): três se disseram “radicalmente contrários”, um não se posicionou e três defenderam o aumento, mas todos condenaram o aumento de R$ 5 mil nas verbas indenizatórias dos gabinetes, dinheiro que passará a ser gasto sem precisar de justificativa.

O reajuste foi aprovado pela Comissão de Finanças e Tributação da Câmara, subindo os salários de R$ 12,8 mil para R$ 16,2 mil, além de elevar a verba indenizatória. Também reajusta o salário do presidente da República e do vice, e dos ministros.Agora, a proposta deve ir a plenário e basta maioria simples para aprovação.

O deputado federal Ivan Valente (PSol-São Caetano) disse que a bancada de seu partido é contra o reajuste. “Acreditamos que não é hora de discutir isso, e a Câmara também não deveria ser o lugar para essa discussão”, posiciona-se. Ele reconhece que a bancada socialista, com apenas três parlamentares, não tem chance de influenciar na discussão.

Novatos na Assembléia Legislativa e afinados no discurso, Vanessa Damo (PV-Mauá) e Alex Manente (PPS-São Bernardo) relembram a desastrada tentativa de reajuste de 91% no ano passado, alvo de críticas de todo tipo e que acabou sendo derrubada.

Eles também serão beneficiados, já que de acordo com o artigo 27 da Constituição, os vencimentos nas Assembléias Legislativas são de 75% dos valores na Câmara. De R$ 9,6 mil, os salários dos parlamentares em São Paulo devem passar para R$ 12,1 mil.

Para Manente, o valor atual é suficiente. “Eu acho que o salário é adequado. E as verbas indenizatórias que temos na Assembléia já são excessivas.”

Já Orlando Morando (PSDB-São Bernardo) acredita que o aumento “vai pegar muito mal”. Apesar da condenação inicial, ele não quis tomar posição definitiva sob4re o assunto. “Não acho que o ponto seja dizer se é necessário, o que acho é que o reajuste deveria ser acompanhado de mecanismos para incentivar a produtividade do legislativo.”

“Uma coisa é aumentar em 91%, dobrar os salários. Outra, bem diferente, é recuperar as perdas com a inflação”, argumenta o deputado federal Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho (PT), lembrando que foi contra a frustrada tentativa de reajuste do ano passado.

Para outro petista, o deputado estadual Mário Reali (Diadema), é preciso discutir a questão “com maturidade”, Ele aponta pesquisa do Dieese (Departamento Intersindical de Estudos Socioeconômicos) que mostrou que 86% dos reajustes das categorias de trabalho no ano passado foram maiores do que a inflação.

“O trabalhador teve aumento. Eu sou um profissional técnico, que se estivesse na iniciativa privada teria um reajuste”, afirma o parlamentar, que é arquiteto, formado pela USP (Universidade de São Paulo).

José Bittencourt (PDT-Santo André) acredita que a discussão do aumento começou com declaração do presidente Lula de que os ministros são “heróis” por receber “ baixo salário”.

“Não vejo nenhuma imoralidade no reajuste de acordo com a inflação, mas bom seria se todas as categorias profissionais fossem bem remuneradas”, concluiu.



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