Economia Titulo Reajuste
Scania quer reduzir PLR e
trabalhadores podem parar

Sindicato dos Metalúrgicos do ABC planeja
paralisações até sexta por campanha salarial

Por Leone Farias
Pedro Souza
07/09/2013 | 07:00
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Orlando Filho/DGABC


Os trabalhadores da fábrica da Scania, em São Bernardo, decretaram estado de greve. Eles estão insatisfeitos com a proposta da montadora, que mudou os cálculos da PLR (Participação nos Lucros e Resultados) neste ano.

Segundo o diretor executivo do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e coordenador da entidade na Scania, Daniel Calazans, após 12 reuniões, desde o dia 4 de julho, quando teve início a campanha salarial, a empresa não mudou o posicionamento. “No ano passado, a PLR atingiu cerca de R$ 11 mil para cada. Queremos a manutenção desse cálculo, já que, se a produção sobe, os trabalhadores ganham mais, e se cai, recebem menos. Mas o novo modelo que a Scania defende, mesmo com grande aumento na produção, é de que o benefício será menor do que no ano passado.”

Ontem, os funcionários da fábrica rejeitaram, em assembleia, a proposta da empresa. “A qualquer momento, por entender que já se passou muito tempo e a empresa não avançou nas negociações deste tema, os trabalhadores entrarão em greve”, garantiu Calazans. Ele argumentou que os resultados da montadora, neste ano, não justificam redução na PLR. Prova disso é que, durante as reuniões, a companhia sueca avançou bem mais em relação ao reajuste pedido, que é a reposição do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) mais aumento real de 2%. Atualmente, a unidade de São Bernardo tem 4.000 metalúrgicos.

No acumulado deste ano (janeiro a agosto), a montadora registra crescimento de 94,9% no comércio de caminhões no mercado interno. Vendeu 11.758 unidades nos primeiros oito meses de 2013, ante 6.034 no mesmo período de 2012, de acordo com números da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores).

A Scania informou que as discussões com o sindicato ainda estão acontecendo, que não tomou nenhuma decisão em relação à fórmula da PLR e que está aberta à negociação com os trabalhadores.

TOYOTA

Em assembleia ontem na porta da fábrica da Toyota, em São Bernardo, os cerca de 1.680 trabalhadores dessa unidade aceitaram a proposta da empresa em reajustar os salários pela inflação – 6,07% pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) em 12 meses até agosto – mais abono, no qual deverá ser aplicado o correspondente ao aumento real de 2%, segundo o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques.

Já houve acordo salarial com as outras montadoras da base, sendo que o mais recente foi fechado em agosto, com a Ford. A companhia ofereceu abono e aumento pela reposição das perdas inflacionárias mais 2%.

ESTRATÉGIA

Na segunda-feira o sindicato realizará assembleias na entrada dos trabalhadores do primeiro turno em seis empresas, entre elas a SMS, em Diadema, e a Dura Automotive, em Rio Grande da Serra. Ontem, houve atos por até duas horas (e consequente paralisação) na ZF e Grundfos, ambas em São Bernardo, e na TRW, Metaltork e Autometal, em Diadema.

Em São Bernardo, a estratégia do sindicato é conversar com, aproximadamente, 1.400 trabalhadores por dia em assembleias, até sexta-feira, dia 13. Em Diadema, destacou o coordenador da entidade para o município, David Carvalho, as diretrizes ainda estão indefinidas. “Mas devemos acompanhar São Bernardo.”

Os principais itens da pauta são o aumento real no salário, a redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais sem diminuição de salário, valorização nos pisos salariais e expansão e unificação de direitos em convenção coletiva de trabalho. As negociações seguem pela FEM/CUT (Federação dos Sindicatos Metalúrgicos da Central Única dos Trabalhadores).

Segundo o coordenador para São Bernardo do sindicato, Nelsi Rodrigues, o Morcegão, não houve avanço nas negociações e as assembleias, que vão durar entre uma e duas horas, são uma forma de pressionar os empresários e contribuir com o sindicato patronal a negociar e fechar acordo coletivo para a categoria. Se não houver resposta dos patrões até sexta-feira, garantiu o presidente da entidade metalúrgica, Rafael Marques, haverá greve geral.




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