Economia Titulo Na hora da virada
Amarelo e branco dominam vitrines em ano de Covid

Clientes consomem, mas gastam menos, e faturamento dos comércios é até 30% inferior

Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
31/12/2020 | 00:05
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Denis Maciel/DGABC


Ano de pandemia do novo coronavírus e de dificuldades econômicas trazidas pelo cenário se reflete em vitrines que apostam basicamente em duas cores para a hora da virada: amarelo, para atrair fartura, e branco, para trazer paz.

Neste contexto, o comércio de roupas para o Réveillon tem registrado busca por peças de valores mais acessíveis, de R$ 40 a R$ 60, com tecidos mais confortáveis, como malha, e que possam ser facilmente vestidas em outras ocasiões, como para desempenhar o trabalho em home office.

Saem de cena os brilhos, como dourados e prateados, que predominavam no ano passado, junto com os saltos, e entram, além do amarelo e do branco, cores em tons pastel, como o rosa, que simboliza o amor, e o verde, que mira na saúde. Devidamente acompanhados de rasteiras ou sapatilhas.

“Neste ano, muita gente tem evitado sair de casa por causa do risco de contrair Covid, então a procura maior é por peças confortáveis. Bermudas, macaquinhos, camisetas, vestidos. No ano passado, eram roupas mais elaboradas, pensadas para as festas”, afirma Maria Caiano Gomes, proprietária da Aspen Moda, na Vila Alpina, em Santo André. “E essa tendência vem desde o início da pandemia. O moletom foi redescoberto.”

Ainda assim, Maria pontua que os clientes procuram peças mais baratas e, apesar de estar vendendo volume 5% maior de itens, o faturamento na comparação com igual período de 2019 ficará entre 3% e 5% menor.

“Vim para comprar dois presentes e acabei levando um vestido laranja com flores. Gosto de peças alegres e que eu possa usar em outros momentos, ainda mais agora, em que as prioridades são outras, e saúde é o que mais importa”, diz Edilene de Oliveira Muniz Daleffi, 53 anos, que atua como despachante aduaneira.

Segundo o diretor da SOL (Sociedade Oliveira Lima e Região), Djalma Lima, o pensamento de Edilene reflete o da maioria dos consumidores, que estão em busca apenas de itens essenciais e que possam ser combinados em outras ocasiões. Proprietário da Vila Rica Joias, no Centro andreense, Lima teve de fechar uma de suas duas lojas, e prevê queda de até 15% neste fim de ano. No comércio em geral, queda é estimada entre 5% a 10%.

Na Carina Modamania, no Centro de São Bernardo, a gerente Daniela Golin revela que o que mais tem procura para o Réveillon são peças em promoção, como bermuda, macacão e vestido longo, o que deve deixar o faturamento até 30% menor do que no mesmo período em 2019. “As clientes costumam dizer que o ano de 2020 está muito puxado, na hora de acabar mesmo, e que desejam atrair dinheiro e paz, por isso apostam no amarelo e no branco.”

É o caso da estudante Alicia Martins, 13, que pela primeira vez escolheu uma cor para a virada. “Meu vestido é branco, pois desejo que 2021 não seja um ano conturbado como este. E quero um acessório amarelo, porque dinheiro nunca é demais”, conta, determinada. Menos supersticiosa, sua mãe, Juliana, 40, vai usar vestido novo também, só que preto. 




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