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Boquinha mantida

Mesmo derrotados nas urnas, vereadores eleitos de 2004 seguem em cargos públicos no Grande ABC

Por Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
31/12/2017 | 07:00
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Marina Brandão 7/3/17


 Na eleição de 2016, quase metade das cadeiras de vereador foi trocada no Grande ABC, além de a região rejeitar a reeleição de quatro dos sete prefeitos. A renovação nos pleitos foi considerável, mas quadros políticos das sete cidades encontraram mecanismos de figurar em cargos públicos.

Levantamento feito pelo Diário apresenta a situação política dos 106 vereadores eleitos em 2004. E, dessas figuras, somente 14 estão fora de funções públicas, sem contar os que morreram no período. Ou seja, pelo menos 87% dos parlamentares eleitos há 13 anos continuam, de alguma maneira, em espaços públicos, direta ou indiretamente.

Muitos dos que se aposentaram apostaram na transferência de votos para parentes. Há casos bem-sucedidos, como o ex-vereador Antonio Leite (PT), de Santo André, que em 2012 decidiu repassar o espólio político ao filho, Eduardo Leite (PT). Em 2016, Eduardo foi reeleito e, para 2018, projeta candidatura a deputado federal.

Outros exemplos são José Walter Tavares (PHS), de São Bernardo, e Cássia Rubinelli, de Mauá. Tavares, vereador até 2016, apoiou a candidatura do irmão, Toninho Tavares (PSDB), que se elegeu parlamentar são-bernardense. Cássia, por sua vez, viu o filho, Fernando Rubinelli (PDT), sagrar-se vitorioso na corrida por vaga na Câmara de Mauá e o marido, Wagner Rubinelli (PCdoB), ser escolhido secretário de Trabalho e Renda.

Mas há também episódios de fracassos. Jurandir Gallo (PT), vereador de Santo André, tentou fazer seu filho, Thiago Gallo, parlamentar andreense em 2012. Com o revés de Thiago, tornou a concorrer a uma das cadeiras no Legislativo, mas Jurandir foi derrotado. Gersio Sartori, de São Caetano, lançou a candidatura da mulher, Neide Sartori (PSDB), à vereança da cidade, sem sucesso.

Há também vereador eleito em 2004 que conquistou saltos importantes na carreira política. Paulo Serra (PSDB) estava ainda no PFL e recebeu 2.599 votos em 2004. Em 2016, se elegeu prefeito de Santo André, com 276,5 mil votos. Atila Jacomussi (PSB), de Mauá, percorreu caminho semelhante, ao se tornar chefe do Executivo em 2016, vencendo Donisete Braga (PT), então prefeito, no segundo turno.

Lauro Michels (PV) obteve seu primeiro mandato de vereador em 2004, ainda pelo PSDB, ao registrar 1.792 votos. Em 2016, foi, ao lado de Gabriel Maranhão (PSDB), de Rio Grande da Serra, um dos raros prefeitos reeleitos no Grande ABC.

Paulo Pinheiro (PMDB), de São Caetano, e Saulo Benevides (PMDB), de Ribeirão Pires, buscaram a renovação de mandato de prefeito em 2016, mas foram derrotados por José Auricchio Júnior (PSDB) e Adler Kiko Teixeira (PSB), respectivamente.

Alguns dos eleitos em 2004 tentaram, no pleito de 2016, alçar voos maiores na política regional e concorrer ao cargo de prefeito ou vice, porém sem sucesso: Admir Ferro (PTB), de São Bernardo; Gilberto Costa (PEN) e Jorge Salgado (PTB), de São Caetano; Vaguinho do Conselho (PRB), Cida Ferreira (PMDB) e Irene dos Santos, de Diadema; Rogério Santana (Rede), de Mauá; Claudinho da Geladeira (PT) e Cleson Alves de Sousa (ex-PMB), de Rio Grande da Serra.

Outros políticos conseguiram, em pleitos anteriores, consolidar a carreira pública em outras esferas de poder. São os casos de Alex Manente (PPS), hoje deputado federal, mas com passagens pela Assembleia Legislativa, Regina Gonçalves (PV), de Diadema, e Vanessa Damo (PMDB), de Mauá, ex-deputadas estaduais. Regina hoje é secretária de Habitação no governo de Lauro Michels, enquanto Vanessa, com problemas jurídicos, tem a mãe, Alaíde Damo (PMDB), como vice de Atila Jacomussi.

Há também figuras que seguem com vagas nos Legislativos: Martins Martins (PHS), Toninho da Lanchonete (PT), Tião Mateus (PT) e Juarez Tudo Azul (PSDB), de São Bernardo; Sidão da Padaria (PMDB), de São Caetano; Ricardo Yoshio (PRB), de Diadema; Cincinato Freire (PDT), Manoel Lopes (DEM) e Irmão Ozelito (SD), de Mauá; João Lessa (PSDB), Banha (PPS) e Zé Nelson de Barros (PMDB), de Ribeirão Pires.

Um caso curioso é o do ex-vereador Milton Capel (PV), de Diadema. Após nove mandatos consecutivos na Câmara diademense – recorde na região –, Capel optou por não buscar a reeleição e apostar na candidatura do filho, Rodrigo Capel (PV). Advogado, Rodrigo concorreu apenas com o nome de urna “Capel” e conseguiu se eleger. Além disso, Milton Capel emplacou a filha, Tatiana, como secretária de Meio Ambiente no governo de Lauro Michels. E, agora, batalha internamente para suceder Lauro no pleito de 2020, embora seja azarão nesta disputa.

 

NAS URNAS, RENOVAÇÃO

Apesar de a classe política encontrar um jeito de ocupar cargos públicos, na urna o eleitor do Grande ABC apostou na mudança. Com seis dos sete prefeitos buscando a reeleição, quatro foram rejeitados – Carlos Grana (PT), de Santo André; Paulo Pinheiro, em São Caetano; Donisete Braga, em Mauá; e Saulo Benevides, em Ribeirão.

Nas Câmaras, das atuais 142 cadeiras, 69 foram modificadas, o que representa mudança de 48,6% nos quadros legislativos. A renovação abateu tradicionais nomes da política da região, como Zé Ferreira (PT), de São Bernardo; José Augusto da Silva Ramos (PSDB), de Diadema; Paulo Eugenio Pereira Júnior (PT) e Diniz Lopes (PSB), de Mauá.

 




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