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Agesbec é despejada de galpão por aluguel e impostos atrasados
Hugo Cilo
Do Diário do Grande ABC
20/05/2005 | 08:29
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A Agesbec (Armazéns Gerais e Entrepostos de São Bernardo do Campo) – controlada pela Drago Armazéns e Transportes – foi despejada quinta-feira do maior galpão da empresa, na avenida Piraporinha, por falta de pagamento de aluguel e impostos municipais. A decisão judicial colocou 60 funcionários na rua, que protestaram pela manhã, contra a direção da empresa, em frente à entrada principal.

Embora não confirmado pelas partes envolvidas no processo, funcionários afirmam que a dívida da empresa com o proprietário do galpão ultrapassa R$ 15 milhões, entre aluguéis atrasados e impostos, principalmente IPTU (Imposto Territorial Predial Urbano). A Prefeitura informou que por questões legais não divulga a dívida do prédio.

A Agesbec foi criada pela Prefeitura de São Bernardo para agilizar o fluxo de mercadorias destinadas à exportação. Até 2000, era administrada pela própria prefeitura, que, em 22 de março daquele ano, leiloou o imóvel na Bolsa de Valores de São Paulo.

Desde então, com o imóvel em nome do empresário Afonso Dias, de Santo André, a Agesbec locava a área para prestar serviços aduaneiros à Receita Federal, além de atuar como depósito de mercadorias que chegam ou saem do país. O prédio retomado judicialmente será colocado à venda ou destinado à locação a partir de junho, segundo informou Dias, autor da ação de despejo.

A ordem de despejo – número 2669/2003, da 10º Vara Cível de São Bernardo – foi cumprida por oficiais de Justiça, que também lacraram os portões de acesso do prédio. As mercadorias, no entanto, em razão da grande quantidade, podem ser retiradas do galpão alfandegário até 3 de junho. A ala de armazéns gerais e logística já está totalmente desocupada.

Quinta-feira, pela manhã, os empregados foram impedidos de entrar no galpão por seguranças contratados pelo dono do prédio, que comunicaram aos funcionários que a empresa já não funcionaria no local. “Sabíamos que a empresa estava com dificuldades financeiras. Mas, hoje (quinta-feira), simplesmente chegamos e fomos avisados que estávamos demitidos. Não disseram como ou quando vão acertar nossos direitos”, disse um funcionário, que pediu para ser identificado apenas como José – ele diz temer represálias.

Segundo o empresário Afonso Dias, proprietário do galpão e autor da ação de despejo, a Agesbec é um “inquilino problemático” desde de que passou a controlar as atividades do prédio. “Infelizmente, a empresa arrasta a inadimplência há vários anos. Perdi muito dinheiro com isso, e apenas entrei com a ação porque era obrigado a fazer como dono da área”, argumenta Dias. “Meu objetivo não era prejudicar ninguém. Sinto pelos funcionários que perderam o emprego, mas tinha de resolver o problema”, completa.

Procurado pela reportagem do Diário durante toda a tarde de quinta-feira, o diretor da Drago Armazéns e Transportes, Felipo Drago, não foi encontrado para comentar o despejo. Toda a mercadoria da Receita Federal armazenada na unidade lacrada será transferida para um outro galpão da Drago, em Riacho Grande, também em São Bernardo.

A Receita Federal, por meio de nota oficial, disponível na internet, informou que a empresa está temporariamente impedida de atuar em nome do órgão e que todas as empresas importadoras e exportadoras da região serão comunicadas nos próximos dias quanto à decisão da superintendência da instituição.




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