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Peregrinação a Aparecida inspira fiéis a praticarem a solidariedade

Moradores da região partem a pé para o Vale do Paraíba em procissão de fé

Natália Fernandjes
Do Diário do Grande ABC
07/10/2017 | 07:00
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Nario Barbosa


 Mais importante do que a chegada é o caminhar. Quem garante são aqueles que, em nome da fé, realizam anualmente percurso de 190 quilômetros a pé entre o Grande ABC e o Vale do Paraíba, onde está localizado o Santuário Nacional de Nossa Senhora da Conceição Aparecida. Seja em busca de milagre ou para agradecer graça alcançada, como é o caso do administrador de empresas Marcelo Teixeira Pinto, 40 anos, a peregrinação de cinco dias corresponde a período único de aprendizado e de exercício – além do físico – de solidariedade. Neste ano, o trajeto ganha sentido especial, tendo em vista a comemoração pelos 300 anos do encontro da imagem da santa no Rio Paraíba do Sul por pescadores.
“O momento da romaria traduz a sua vida dali para frente. Além de superar dificuldades todos os dias, você se desprende da matéria e passa a se doar ao próximo. Nenhuma experiência é igual a outra”, destaca Pinto, que partiu hoje para sua quinta peregrinação em homenagem à mãe de Deus. Assim como a maior parte dos companheiros de caminhada, ele se tornou devoto à santa após ser agraciado. “Até os 7 anos eu tinha problema que ninguém soube explicar. Todas as vezes que chorava ou gargalhava, desmaiava. Quando eu estava com 11 anos minha mãe me entregou uma imagem de Nossa Senhora Aparecida e contou sobre o milagre”, lembra.
Embora viagem em grupo, os peregrinos aproveitam a caminhada para ‘passar a vida a limpo’, considera o aposentado Paulo Carrara, 76, que seguiu, na sexta-feira, para sua 22ª romaria. “É um momento para se dedicar a Deus e corrigir defeitos de caráter, como o egoísmo, a arrogância e a prepotência”, observa o pai do organizador da peregrinação andreense, há 23 anos, o comerciante Alexandre Carrara, 49. A ação, que começou devido à promessa para recuperação da mulher, que estava doente, hoje atrai 800 devotos.
Quem também não abre mão de professar a fé por meio da romaria até o santuário nacional é o padeiro aposentado Antônio Maurício, 73 anos. A tradição, iniciada há 25 anos devido à promessa para recuperação do primo, que havia cortado o tendão de Aquiles, é mantida até hoje. Neste ano, o mauaense partiu ao lado do filho e da mulher rumo a Aparecida.
“Quem começa não para mais. A gente sente o espírito de oração à flor da pele. Se pega fazendo curativos em um desconhecido, cuidando das bolhas de outro, orando pelo irmão que encontra pelo caminho”, ressalta Pinto. Em contrapartida, os peregrinos recebem apoio de moradores das cidades por onde passam. “Servem frutas, lanches, água. Dizem palavras de apoio”, completa.
Durante os cinco dias de trajeto, os romeiros têm rotina de caminhar entre 7h e 19h, com intervalo para o almoço, e dormir e pousadas. Em média, é preciso desembolsar R$ 400 com a hospedagem e R$ 200 para refeição. Outros R$ 100 são pagos, por quem pode, para ajudar com os custos dos ônibus que acompanham a caminhada e trazem os romeiros para casa.
Entre as inúmeras dificuldades relatadas pelos fiéis durante o trajeto – cansaço,calor excessivo, bolha nos pés –, a insegurança se coloca como a principal. “A gente faz uma conversa antes para que os romeiros não andem pelo acostamento. Graças a Deus nunca tivemos um acidente”, comemora Carrara pai.




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