Política Titulo 80 anos de voto
Maioria do eleitorado, mulheres buscam espaço
Por Cynthia Tavares
do Diário do Grande ABC
26/02/2012 | 07:00
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Arquivo/DGABC


Há 80 anos, a mulher brasileira ganhava papel importante na sociedade: o direito ao voto. O fato, que ocorreu no governo Getúlio Vargas, foi marco para a democracia. Contudo, a participação feminina na política ainda é modesta, principalmente tendo em vista que 52% do eleitorado é composto por mulheres.

Dos 513 deputados federais, somente 46 são mulheres. No Grande ABC, a inserção também é pequena. Há duas vice-prefeitas: as petebistas Dinah Zekcer, em Santo André, e Helenice Arruda, em Rio Grande da Serra; e duas deputadas estaduais (Regina Gonçalves (PV - Diadema) e Vanessa Damo (PMDB - Mauá).

Entre os 108 vereadores da região, apenas cinco são mulheres: Cida Ferreira (PMDB), Irene dos Santos (PT) e Marion Magali de Oliveira (PPL), todas em Diadema; Marilza Oliveira (PTB), em Rio Grande da Serra, e Diva do Posto (PR), em Ribeirão Pires.

Nos últimos anos foram registrados avanços na inserção da mulher na política nacional, o principal deles a eleição de Dilma Rousseff (PT) à presidência da República.

A professora da Universidade Federal de São Carlos Maria do Socorro Souza Braga acredita que o fator Dilma pode ser importante no crescimento da participação feminina nas rodas políticas. "Quando há bom desempenho (feminino) na gestão, a tendência é estimular outras mulheres."

O crescimento feminino no primeiro escalão do governo federal também é considerado. São nove ministras, o que representa 25% da Esplanada. Contudo, a docente da Fundação Escola Paulista de Sociologia e Política Jacqueline Quaresemin sustenta que isso não é suficiente para fomentar a discussão em torno do papel da mulher na política. "A mulher tem participação pequena. Apesar da Dilma ter colocado grande número de ministras é pouco comparado com a América Latina. Os partidos são preconceituosos."

Cota - Para assegurar a presença feminina nas eleições, em 1995, a então deputada Marta Suplicy (PT-SP) apresentou projeto de lei que criou cotas nos partidos para as mulheres. Hoje, todas as legendas precisam ter 30% da chapa proporcional composta de candidatas.

"A medida ajudou somente os partidos que já tinham cultura nesse sentido. Algumas siglas ainda têm dificuldades, mas não sabemos se é porque realmente não conseguem preencher com medo de fortalecer a disputa ou porque as mulheres não buscam", analisa Maria do Socorro.

Jacqueline ressalta que a força política das cotas "não está clara". "Muitos acabam forçando as filiadas a serem candidatas para preencher a cota."

Regina Gonçalves salienta que a instituição das cotas foi positiva, mas que o trabalho partidário em prol da mulher precisa ser mais efetivo. "Não significa que os partidos assumiram o compromisso. É posição afirmativa, mas não pode ser apenas cartorial. A luta por mais participação precisa ser realizada com persistência."

Helenice Arruda considera que a mulher ainda sofre na política. "Há muito preconceito. Muitos não confiam no trabalho executado por uma mulher. O caminho é longo."




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