Política Titulo Após 2 anos
Com 2 anos, Operação Lava Jato expande lupa pelo Grande ABC
Por Fabio Martins
Do Diário do Grande ABC
20/03/2016 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC:


A Operação Lava Jato, da PF (Polícia Federal), completou na quinta-feira dois anos em atividade, considerada a maior já realizada no País, e coloca o Grande ABC na mira – embora outros casos já haviam sido levantados – com a deflagração da última fase, a 24ª etapa, que tem como principal alvo da investigação o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), integrantes de sua família e empresas ligadas a ele, além de figuras políticas próximas ao líder petista. Apenas nesta recente investida, no início do mês, a PF cumpriu mandados de busca e apreensão em 37 endereços, sendo nove na região.

Entre os objetos de pente-fino o apartamento de Lula, em São Bernardo, onde fica situada a empresa Lils Palestras, de sua propriedade, e as residências de seus filhos Marcos Lula, vereador da cidade, Fábio Luiz (em São Bernardo) e Sandro Luiz, em Santo André. O imóvel do dirigente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, morador de São Bernardo, também foi vasculhado, assim como a casa do ex-prefeito de Diadema José de Filippi Júnior, que foi tesoureiro das campanhas presidenciais de Lula, em 2006, e de Dilma Rousseff (PT), em 2010.

Outros dois endereços no Grande ABC destacam-se no foco da força-tarefa. O primeiro é o local averiguado como suposta subsede informal do Instituto Lula, na Vila Damásio, em São Bernardo. Seria uma unidade alternativa. O ex-presidente, em oitiva – na qual foi obrigado a depor –, diz desconhecer o espaço. Há informações de que a quebra do sigilo fiscal da entidade que leva o nome do líder petista relevou pagamento mensal de aluguel ao imóvel. O segundo é o Idem (Instituto Diadema de Estudos Municipais), situado na região central diademense, conhecido por abrigar reuniões políticas do PT, além de servir de braço para campanhas eleitorais do partido.

A PF ainda não divulgou balanço de todo o material recolhido na busca. Inquérito do MPF (Ministério Público Federal) aponta que Lula recebeu vantagens indevidas de empreiteiras, como um apartamento e reformas em imóveis, além de doações e pagamentos por palestras, que somam R$ 30 milhões. De acordo com dados do TCU (Tribunal de Contas da União), os prejuízos estimados com as fraudes atingem R$ 29 bilhões.

Em contrapartida, cidades do Grande ABC já foram inseridas outras vezes na rota da força-tarefa. A que abriu os trabalhos, ainda em abril de 2014, indicava que o doleiro Alberto Youssef mantinha relações com o deputado federal Vicente Cândido (PT). O petista foi citado em episódio que parlamentar e doleiro buscavam recursos em São Bernardo. No fim do mesmo ano, lista apreendida pela PF apontava que Youssef intermediou obra na Saned (Companhia de Saneamento Ambiental de Diadema), com negociações entre 2009 e 2012.

Em 2015, a 12ª edição da operação encontrou indícios de que a Editora Gráfica Atitude, em São Bernardo, prestadora de serviços de longa duração a sindicatos, era utilizada pelo ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, preso, para receber recursos ilícitos extraviados da estatal. A empresa teria servido de ponte para lavagem de dinheiro na Petrobras. 




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