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Ficar pouco tempo em casa é ordem no prédio contaminado
Ângela Corrêa
Do Diário do Grande ABC
13/03/2005 | 18:54
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Permanecer o menor tempo possível dentro do Residencial Barão de Mauá. É essa a estratégia posta em prática pela maioria dos moradores do condomínio construído em área contaminada desde que a recomendação do Ministério da Saúde foi anunciada: a desocupação de 1.024 apartamentos, o equivalente a 58% dos cerca de 1,7 mil imóveis que constituem o condomínio. Sábado, o Diário voltou ao Residencial. Na área útil dos prédios havia pouco movimento, apesar de a tarde estar ensolarada.

Um morador que preferiu não ser identificado disse que o ideal é evitar permanência prolongada no condomínio e ocupar o tempo livre na rua ou na casa de parentes. “A estratégia é fazer da casa apenas dormitório”. Outra cautela que está cada vez mais comum é diminuir ou suspender de vez o consumo da água encanada nos apartamentos, principalmente no preparo das refeições. “Já é rotina comprar galões e galões de água. A encanada só usamos para tomar banho mesmo”, afirma. O medo é justificado: o laudo do estudo realizado pelo Ministério da Saúde durante o ano passado ainda deixa dúvidas. As principais são quanto a qualidade da água que abastece todo o residencial. As caixas d‘água são subterrâneas e portanto podem ter sofrido contato com os gases tóxicos. A presença de 44 tipos de gases já foi constatada no Residencial, mas não há confirmação de que o ar e a água estejam contaminados.

Sexta-feira, o secretário nacional de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa da Silva Júnior, tentou minimizar o conteúdo do documento emitido pelo próprio órgão e disse ao Diário que a remoção das famílias não seria necessária. Silva Júnior justificou a mudança de recomendação alegando que o laudo do Ministério da Saúde não passa de um estudo técnico. Ele afirmou ainda que o documento não tem poder de perícia. Mas a declaração não alivia o nervosismo e o clima ainda é de muitas dúvidas entre os moradores.

Segundo uma das síndicas do residencial, Tânia Regina da Silva, o compasso ainda é de espera para a maioria dos moradores. “Ninguém cogita mudar a curto prazo porque o parecer da Justiça ainda não saiu. Agora é esperar para ver”, diz. O “parecer” esperado com ansiedade pelos moradores é a decisão da juíza Maria Lucinda da Costa, da 3ª Vara Cível de Mauá. Até o fim desta semana, a juíza deve decidir se haverá necessidade de remover os moradores do residencial contaminado ou se convocará os réus do caso – Prefeitura da cidade, a Cofap (antiga proprietária do terreno), a Paulicoop (responsável pela venda dos apartamentos), a SQG Empreendimentos e a construtora Soma – para que apresentem a defesa. Uma das propostas é que os réus arquem com as despesas de aluguel das famílias afetadas.

Por conta do imbróglio, sábado, a comissão de condôminos voltou a se reunir com o advogado Aurélio Okada que representa 110 apartamentos. Na tarde da próxima terça-feira, dia 15, a comissão de moradores se reúne com o prefeito interino de Mauá Diniz Lopes, às 15h.



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