Política Titulo Desproporcional
MP desconfia do tamanho
da mala roubada na Sosp

Vídeo do sistema de segurança mostra objeto que confronta
relato; tamanho é considerado incomum para um notebook

Por Fábio Martins
Do Diário do Grande ABC
05/11/2011 | 07:06
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Após análise do sistema de segurança interno do estacionamento Multipark, nas dependências da Secretaria de Obras e Serviços Públicos de Santo André, o Ministério Público concluiu que a mala roubada, pertencente ao empresário Alberto Jorge Filho, proprietário da construtora São José, tem tamanho desproporcional com a relatada durante o depoimento. O tamanho do objeto é considerado incomum pela promotoria para comportarr um notebook. A mala é grande, esportiva e com alças longas.

O MP investiga o caso para averiguar se o crime contém conotação de corrupção contra a administração pública. O construtor compareceu ao local para reunião com o secretário de Obras, Alberto Casalinho, e alegou, na oitiva, que tentava desembaraçar documentação de empreendimento imobiliário comercial e residencial na Avenida Industrial, 780, no qual a empresa São José está envolvida. De acordo com Alberto Jorge, ele carregava um laptop e R$ 3.000 para despesas pessoais. Porém, oito pessoas disseram ao MP ter ouvido que o valor do roubo girou em torno de R$ 70 mil.

Outra percepção da promotoria condiz com a preocupação insólita de Casalinho ao obter ciência do assalto. Apesar de no início das investigações afirmar que nem conhecia a vítima e não saber se a pessoa iria ao departamento de Obras, o secretário aparece na gravação, logo após o roubo, interessado no episódio e sobe, na sequência, junto com o construtor para a secretaria. A contradição entre o empresário e o titular da Pasta, segundo o MP, é uma das principais incoerências no processo. A relação só foi constatada depois de o empresário revelar que conversou "centenas" de vezes com Casalinho.

Jorge Filho justificou que a razão do encontro seria para atenuar a contrapartida requerida pela Prefeitura de Santo André para que sua empresa pudesse viabilizar a obra, hoje ainda com pendência de regularização, principalmente devido à suspeita de contaminação do terreno. A estimativa da contrapartida diante do empreendimento ficaria em R$ 2,250 milhões.

A promotoria informou que vai continuar normalmente as diligências, mesmo com a tentativa do secretário em brecar as investigações. Casalinho entrou na Justiça com pedido de habeas corpus, mediante liminar, para interromper os depoimentos, sob a alegação de que tem sofrido constrangimento de sua imagem e violação de privacidade. Entretanto, o Tribunal de Justiça inviabilizou a solicitação. O mérito do caso será julgado em aproximadamente três meses.

Segundo o MP, o próximo passo é analisar extrato bancário e conta telefônica do construtor e averiguar as motivações de uma Land Rover, pertencente ao sócio de Jorge Filho, retornar ao local com segurança oito dias após o assalto, demonstrando situação comprometedora.




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