As vendas de carros zero-quilômetro no País devem totalizar 3,69 milhões de unidades neste ano, 5% mais que em 2010, segundo nova projeção da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), divulgada ontem. O número significou a revisão para cima da estimativa feita no mês passado pela entidade, de que o mercado nacional ao fim deste ano chegaria ao total de 3,62 milhões de unidades vendidas.

Dessa forma, as perspectivas para o setor no País se mantêm favoráveis, apesar do pacote de medidas, lançadas no mês passado pelo governo federal, que impôs restrições ao financiamento de longo prazo para a compra de automóveis. "Na prática não temos efeito. Os números mostram que o mercado vai bem. O trânsito de lojas continua bom", afirmou o presidente da Anfavea, Cledorvino Belini.

O segmento, que fechou o ano passado com 3,52 milhões de carros vendidos, mostrou forte desempenho em dezembro, com expansão de 16,2% frente a novembro, de acordo com dados de licenciamentos do Renavam (Registro Nacional de Veículos Automotores).

POLÊMICA -Belini preferiu não entrar em polêmica com o presidente da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), Sérgio Reze, que na quarta-feira afirmou que os números do último mês de 2010 tinham sido inflados artificialmente pela indústria.

Segundo Reze, as montadoras teriam pressionado as concessionárias a anteciparem emplacamentos e que 45 mil unidades do total no mês (381,6 mil) seriam em consequência dessas ações. Questionado sobre isso, o presidente da Anfavea se limitou a dizer que não se pronunciaria sobre estratégias comerciais das fabricantes.

No entanto, Belini também prevê redução nas vendas em janeiro, que, segundo ele, historicamente são 27% mais fracas que no mês anterior. Reze fala em queda de 30% nas vendas neste mês.

Exportações de carros prontos ficam abaixo do nível de 2008

As exportações de veículos montados somaram 502,4 mil unidades em 2010, o que significou crescimento de 38,5% em 2009. No entanto, o volume embarcado ao Exterior ainda ficou abaixo do total registrado em 2008 (568,6 mil), mostrando que não reagiram ainda ao impacto da crise financeira global.

Incluídos os CKDs (carros enviados desmontados a outros países), no entanto, já houve recuperação. Em 2010, foram 765,7 mil unidades exportadas, mais que os 734,6 mil de 2008 e bem acima dos 457,3 mil do ano passado.

Para este ano, porém, a Anfavea estima queda de 4,7% nas vendas ao mercado internacional.

O câmbio sobrevalorizado (o real forte frente ao dólar) e a lenta reação na economia mundial devem colaborar para a retração nas encomendas.

Por outro lado, os importados devem continuar ganhando espaço no mercado interno. Em 2005, a participação dos veículos produzidos no Exterior era de apenas 5,1% nas vendas no País, percentual que saltou para 15,6% em 2009 e foi a 18,8% no ano passado. A associação das montadoras projeta que essa participação chegará a 22% em 2011. LF