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Dúvidas cercam morte de mãe e bebê de 8 meses
Rafael Ribeiro
Do Diário do Grande ABC
14/12/2011 | 07:00
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Ricardo Trida/DGABC


Policiais do 2º DP (Utinga) de Santo André vão ter trabalho para investigar a morte de uma mãe e sua filha, de 8 meses, atropeladas por motorista não identificado na madrugada de domingo, no trecho da cidade na Avenida dos Estados. A única testemunha, o pai, não sabe reconhecer o veículo, ainda chocado com o acontecimento. A solução pode ser observar as câmeras dos radares da via para tentar identificá-lo.

Reinaldo Rodrigues, 35 anos, e Jacilene Brotti, 27, estavam juntos havia cerca de dois anos. Da união nasceu Estela, 8 meses. A imagem do carro atingindo sua mulher e filha ainda é um pesadelo. "Ele vai ter que pagar a Deus pelo que fez. Foi uma covardia ele não ter parado para prestar socorro. Segurei minha filha no colo, com um corte na cabeça e os olhinhos marejados, como se estivesse pedindo ajuda."

O crime ocorreu por volta das 4h30. Jacilene, que comprava produtos no Feirinha da Madrugada do Brás para revender na vizinhança, decidiu sair para adquirir dois celulares de presente aos outros filhos, do primeiro casamento. Reinaldo não queria ir. A garoa e a falta de energia tornaram o ambiente mais escuro que o comum. O destino era a Estação Utinga. Ela segurava a filha em um braço e o guarda-chuva no outro quando foi atingida. Morreu na hora.

Estela ainda foi conduzida ao Pronto-Socorro do Hospital Bartira, mas não resistiu aos ferimentos. "Saber que aquele choro da minha filha era um sinal de Deus de que ela ia embora dói muito", disse Reinaldo. Ainda em estado de choque, deixou a casa que morava com a família em Utinga para voltar ao lar da mãe, na Vila Luzita.

Mais uma vez o destino lhe aprontou. O primeiro filho, em 2003, morreu de pneumonia. Seis anos depois, um parto prematuro de seis meses adiou mais uma vez o sonho de ser pai. Com Jacilene, acreditava que seria diferente. A moça de Mãe D'Água (PB) se mudou para o Grande ABC em 2000 disposta a dar uma vida mais feliz que a sua para os filhos. O sonho era comprar uma casa para a mãe, ainda no Nordeste.

O carro preto, a única pista, encerrou o objetivo de ver os filhos crescidos. A polícia trabalha com a possibilidade de o motorista estar bêbado ou drogado. Há a chance ainda de o carro ter sido roubado. "Será que ele sabe o que fez? Que deixou duas crianças sem a mãe? Que matou um bebê? Por que ele não parou?", disse Reinaldo, interrompido pelas lágrimas.

Operador de maquinas em uma fábrica, ele sabe que não esquecerá a tragédia tão rápido. Clima para voltar a dançar forró, onde conheceu Jacilene, não tem. Sabe que é preciso erguer a cabeça, mas ainda precisa descobrir como o fará. "É difícil."




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