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Mais que areia e mar

Cercada pelas belas águas do Caribe, a ilha de Curaçao tem
muita cultura, casas de cair o queixo e um povo hospitaleiro

Miriam Gimenes
Enviada a Curaçao
17/06/2010 | 07:02
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"O que tem de tão interessante em Curaçao?" Como esta questão foi feita por uma passageira que seguiria para Aruba ainda no meu voo de ida rumo à maior das cinco ilhas das Antilhas Holandesas, a resposta foi um pouco vaga. Mas se a mesma surgisse durante uma conversa na volta com certeza gastaria pouco mais das seis horas de viagem até chegar ao aeroporto paulistano para definir a interessante Curaçao. Muito mais do que areia, sol e mar, a isla - como é chamada pelos curaçalenhos - tem muita cultura, histórias incríveis, casas e hotéis de cair o queixo e um povo mais do que hospitaleiro.

É lógico que, em se tratando de Caribe, as 30 praias e 40 baías são chamarizes para os cerca de 400 mil turistas que circulam anualmente por lá. Embora a faixa litorânea Norte não seja boa para banho, por conta das águas-vivas e rochas, as do Sul compensam este pequeno contratempo: todas, sem exceção, são donas de um azul belíssimo, aquele de doer os olhos. A água é quentinha e limpíssima, visto que tem 40 metros de visibilidade e é ótima para mergulho.

Além disso, a densidade pluviométrica anual é muito baixa - cerca de 500 mm; a chuva cai geralmente em setembro - o que garante calor e dias ensolarados quase o ano todo. E tudo isso pode ser aproveitado não só nas areias e em passeios de barco ou lancha, mas também nos parques como o Seaquarium, que tem mais de 70 aquários gigantes com apresentações de golfinhos, tubarões, flamingos entre outros animais, e nas cavernas de Boca Tabla e Hato. Se a ideia for conhecer a história local, 15 museus ajudam a preencher este compromisso do passeio.

Se o dia não for cansativo e ainda restar um pouco de energia, a noite curaçaleña também é agitada. Ao som de rumba, salsa e merengue - a gosto do freguês - é possível encontrar várias casas noturnas e barzinhos, que ficam quase todos no bairro de Salineas, próximo à capital Willemstad, para sentir o clima caribenho por diversas vezes mostrado em filmes de Hollywood.

POVO
Não apenas o fusohorário (apenas uma hora a menos que o Brasil) é parecido com o clima verde-amarelo. O povo curaçalenho - que corresponde a 150 mil habitantes - também tem semelhanças, inclusive gastronômicas, com o brasileiro. Talvez por isso sejamos tão bem recebidos por lá: no aeroporto mesmo, perguntaram se éramos do Brasil e fomos poupados de passar as malas pelas esteiras.

Até o papiamento (dialeto local), se dito de forma pausada, é parecido com o português. Um exemplo é a primeira palavra dita por eles, bom bini, que significa bem-vindo.

Ainda assim, por ter sido colonizado pela Holanda, o país - que em 10 de outubro ganhará de fato este status em eleições diretas - tem como língua oficial o holandês e as crianças saem da escola falando também o inglês fluente e espanhol. E isso pode ser notado em qualquer passeio, com os guias falando os quatro idiomas para que os turistas saiam bem satisfeitos.

Há ainda a cultura afro, resultado de um regime de escravidão que durou mais de 100 anos e nos faz lembrar das histórias nem um pouco felizes pelas quais passaram os negros nas senzalas brasileiras.

* A repórter viajou a convite do governo de Curaçao


Domínio hispano-holandês

As praias paradisíacas de Curaçao foram descobertas por acaso. A princípio, assim como no Brasil, os únicos moradores que habitavam a ilha eram os índios. Em 1499, no entanto, o major espanhol Alonso Ojeda chegou às areias caribenhas e as apelidou de Ilha dos Gigantes, uma alusão ao tamanho dos primeiros habitantes, que logo trataram de ser expulsos pelos colonizadores.

Apenas em 1634 Curaçao passou das mãos espanholas para as holandesas, devido à conquista do holandês Jan Willem Wahlbeeck. Foi este o fator determinante para construção e crescimento local: a colonização, destituída em 1954, é a maior responsável pelo desenvolvimento da ilha, desde a língua falada até as construções. Casas e prédios marcam em cada centímetro o estilo holandês, responsável pelo colorido e os desenhos arquitetônicos ímpares.

E O NOME?
Embora haja a certeza da colonização, a origem do nome é duvidosa. Existem três versões contadas pelos guias: a primeira é de que os marinheiros curaram-se do escorbuto (inflamação nas gengivas), outra é que originou-se da palavra coração e, a terceira, é de que trata-se de homenagem ao Sagrado Coração de Maria.

Independentemente da origem, o fato é que os locais fazem questão de difundir a ilha para o mundo todo prezando pela autenticidade que, segundo eles, não tem em nenhum outro lugar do Caribe.

Este fator pode ser visto nas pequenas coisas: até mesmo as placas dos carros têm o desenho dos prédios da capital da cidade. Locais usados como esconderijo pelos escravos também são preservados como forma de contar e provar a história de Curaçao. MG




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