Economia Titulo Maus pagadores
Alta inadimplência em cartões de crédito preocupa governo
07/05/2009 | 07:00
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O nível elevado de inadimplência na indústria de cartões de crédito entrou no radar do governo. A informação foi dada à Agência Estado pelo secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, Antônio Henrique Silveira.

Segundo ele, se forem consideradas apenas as operações em que o valor da fatura não é pago integralmente e por isso o usuário paga juros, o nível de calotes está em 28%. Se for considerado o total das operações com cartão, a inadimplência está em 10%.

As operações em que a conta do cartão de crédito é total ou parcialmente rolada equivalem a um terço do total. Nos outros dois terços, o usuário paga o valor total da fatura. "Chama atenção que a inadimplência no segmento de cartões é muito alta, que alcança 28% nas operações com juros. Essa é uma inadimplência muito alta, que ultrapassa de longe a taxa observada em outras operações de crédito, como o empréstimo pessoal, o CDC (Crédito Direto ao Consumidor) e o cheque especial", disse Silveira. Ele acrescentou que o alto nível de "calote" é usado pelas administradoras para justificar as altas taxas que cobram.

O secretário informou que o tema está sendo pesquisado pelo governo e discutido com a Abecs (Associação Brasileira das Empresas de Cartões). Uma das hipóteses que estão sendo consideradas é a relação dessa inadimplência com as metas de emissão de cartões, que podem estar levando a rede de varejo, na tentativa de atingi-las, a não fazer o controle adequado do risco.

"Isto levanta perguntas sobre a gestão de risco do segmento de cartões de crédito. ê algo que a gente está investigando", disse Silveira. Ele negou que haja nesse segmento um risco semelhante ao que ocorreu no mercado imobiliário norte-americano, mesmo porque, a despeito disso, a lucratividade do setor é bastante alta. Apesar de o tema ter entrado no radar do governo, Silveira não indicou o que se pretende fazer para minimizá-lo.

O segmento de cartões está sendo acompanhado de perto pela Seae, bem como pelo Banco Central e pela Secretaria de Direito Econômico do Ministério da Justiça. Há pouco mais de um mês, os três órgãos divulgaram estudo sobre a indústria de cartões, no qual se constata que há uma forte concentração de mercado e uma rentabilidade muito elevada.




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