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Alex: existe espaço para mais um deputado federal

Popular-socialista estuda candidatura ao Congresso Nacional

Cynthia Tavares
Do Diário do Grande ABC
10/03/2013 | 07:00
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O deputado Alex Manente (PPS-São Bernardo) consolidou-se como liderança estadual do PPS ao ser reeleito líder da bancada do partido na Assembleia Legislativa. O parlamentar está disposto a alçar voos mais altos. Em entrevista exclusiva ao Diário, Alex admitiu que tem pensado na possibilidade de concorrer ao Congresso Nacional nas eleições de 2014. O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), foi consultado sobre a possibilidade. Internamente, o nome do deputado também aparece como forte candidato. "Acho que ser deputado federal é uma tendência de quem acumulou dois cargos como deputado estadual. É uma possibilidade de trazer debates importantes para nossa região", avaliou. Além das atividades como parlamentar estadual, Alex também atua como vice-presidente do PPS em São Paulo e defende aproximação com o PSB - a legenda deve lançar o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, ao Palácio do Planalto em 2014. Pelo apoio, o PPS, junto com o PSDB, exigiria a presença dos socialistas na base de partidos aliados para a reeleição de Alckmin. Para a região, o popular-socialista tem como meta trazer o restaurante Bom Prato para São Bernardo até o ano que vem.

 

 

DIÁRIO - O sr. pretende buscar uma vaga na Câmara dos Deputados?

ALEX MANENTE -Vamos esperar, obviamente, todo processo se desenrolar e consolidar o mandato. Disputar uma cadeira no Congresso Nacional é algo muito próximo. O partido tem pretendido isso. Já tive oportunidade de conversar com o Edson Aparecido (secretário-chefe da Casa Civil) e com pessoas próximas ao governador (Geraldo Alckmin, PSDB).

 

DIÁRIO - Ser deputado federal é algo que lhe apetece?

ALEX - Acho que ser deputado federal é uma tendência de quem acumulou dois cargos como deputado estadual. É uma possibilidade de trazer debates importantes para nossa região. O Grande ABC carece de debates que certamente como deputado federal posso fazer.

 

DIÁRIO - Quais discussões, por exemplo?

ALEX - Nós devemos buscar para pequenas e médias indústrias apoio do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), que hoje está concentrado nas grandes empresas. O debate ocorre no Congresso. Nossa economia, que mexe diretamente com a vida da população, depende muito mais de um debate feito no Congresso. Acho que o Grande ABC sofre com processo de falta de emprego na indústria. Isso sem dúvida é algo que me deixa animado para buscar esse espaço e o debate oportuno para a região.

 

DIÁRIO - Há espaço para um terceiro deputado federal em São Bernardo?

ALEX - Acho que sim. O Grande ABC eleitoralmente é muito forte. Não sei quantos (deputados federais) precisam, mas, se pegarmos as últimas eleições municipais, tivemos mais de 1,8 milhão de votos válidos no Grande ABC. A população já pensa em votar em deputados estaduais da região, mas ainda vota timidamente nos federais.

 

DIÁRIO - Sua candidatura a federal ajudaria nessa conscientização?

ALEX - O grande debate é mostrar a necessidade que a região tem de conseguir deputados federais compatíveis com o número de eleitores. Em deputados estaduais, a região já se adaptou a votar, mas precisamos debater a representatividade federal, independentemente da minha candidatura. Na última eleição elegemos sete deputados estaduais e quatro deputados federais (William Dib, PSDB, Vicentinho, PT, José de Filippi Júnior, PT, e Vanderlei Siraque, PT, que foi eleito suplente em 2010 e depois conquistou a titularidade da cadeira). Dá para equilibrar essa balança.

 

DIÁRIO - Em termos de potencial de votos, considera uma eleição mais difícil?

ALEX -Se eu fosse candidato a deputado federal na última, com a votação que tive para estadual (114.714 votos), eu ganharia. Essa não é minha preocupação para o momento. Minha preocupação é definir onde posso defender melhor a região e cumprir esse papel. Eleitoralmente precisamos estar preparados para que a votação seja a maior possível.

 

DIÁRIO - Seu eleitorado migra naturalmente?

ALEX - Acho que ele pode migrar e até ampliar. Na eleição de 2010, vim de um momento que não fui ao segundo turno para prefeito (em 2008). Na eleição (de 2012) não fui ao segundo turno porque não teve um terceiro candidato que tivesse voto suficiente, mas a votação que tivemos permite falar que tivemos um segundo turno antecipado. Número de votos não deve ser o motivo da minha decisão.

 

DIÁRIO - A experiência de duas eleições municipais, sendo que uma foi no ano passado, pode aumentar o recall eleitoral no ano que vem?

ALEX - Foram cinco eleições em oito anos. Estar no processo e colocar sua opinião fazem com que as pessoas vejam o que você representa. Isso ajuda. Você fica marcado pelo seu posicionamento.

 

DIÁRIO - Como o sr. vislumbra a oposição para a eleição de 2016 em São Bernardo?

ALEX -A oposição depende do cenário. Quem comanda o jogo é sempre quem está no governo. Se o (Luiz) Marinho (PT, prefeito) tivesse a definição do candidato dele, já dava para imaginar como as peças seriam montadas. Como ele não está fazendo isso oficialmente, é difícil antecipar.

 

DIÁRIO - A oposição fica dependente de uma reação à ação dele?

ALEX -Acho que não no sentido de administração, mas o comando é da reeleição. Não tem como falar de 2016. É muito cedo. O governo Marinho está começando o segundo mandato.

 

DIÁRIO - Mas neste momento a oposição está dividida. Ela esteve unida no cenário de 2012, com PPS e PSDB juntos.

ALEX - O PSDB está unido com a gente

 

DIÁRIO - Continua?

ALEX - Tenho uma ótima relação com o (ex-vereador e presidente do PSDB municipal) Admir Ferro. Foi meu candidato a vice, tive oportunidade de indicá-lo para ocupar um lugar de destaque e que é do PPS (diretor da Prodesp).

 

DIÁRIO - É possível manter essa parceria para 2016?

ALEX -Não sei. É difícil falar. É antecipar demais um debate que só prejudicaria. Temos que ir construindo e conversar com as forças que não estão no governo para ver qual melhor cenário.

 

DIÁRIO - O sr. acha que o governo já tem um nome e não quer revelar?

ALEX -O Marinho está tentando fabricar um nome. Talvez nem ele esteja convencido do nome que está tentando fabricar.

 

DIÁRIO - Dá tempo de fabricar um candidato?

ALEX -Tem de unir todas as alas do PT de São Bernardo. O Marinho unificou o partido porque era ministro e foi um pedido do (ex-presidente Luiz Inácio) Lula (da Silva). Agora, depende muito mais da qualidade do governo.

 

DIÁRIO - O que é mais fácil: unir o PT ou a oposição?

ALEX - O PT tem a condição de ter o governo. Isso ajuda a unificar, mas a oposição daqui para 2016 tem desafio de tentar superar as diferenças e pensar num projeto para a cidade. Acho que é possível.

 

DIÁRIO -  O que o sr. vislumbra do governo petista daqui para frente?

ALEX - O governo teve uma votação inferior ao que ele pregava. Isso é um fato relevante. Passou longe de qualquer recorde. Tem desafio de fazer melhor do que ele fez, caso contrário, haverá decepção. Um governo que é plenamente aceito ganha em todos os bairros da cidade e não foi isso que aconteceu. Mostra que não existe domínio absoluto da cidade. A chapa de vereadores que ajudaram o Marinho fez mais votos do que ele. E a minha chapa fez menos votos do que eu. O que houve foi um desequilíbrio econômico e um número de partidos dos mais diversos, inclusive aqueles que não têm afinidade ideológica com o governo. A cidade não está equilibrada e é possível vislumbrar possibilidade em 2016.

 

DIÁRIO - O que significa sua reeleição como líder da bancada do PPS na Assembleia?

ALEX -  Temos que pensar o partido para o futuro. Defendo que a gente tem que conversar intensamente com o PSB a candidatura do Eduardo Campos (ao Palácio do Planalto). Para o governador é interessante ter o PSB e o PPS somando força para ter um único palanque em São Paulo e dois nacionais: um do Aécio (Neves, PSDB) e outro do Eduardo Campos. É hora de buscarmos esse novo momento.

 

DIÁRIO - Como seria a parceria com o Eduardo Campos?

ALEX - O PPS apoiando o Eduardo Campos e o PSB na base do Alckmin. A candidatura do Eduardo Campos tem grande potencial. De todas, é a que tem mais potencial de crescimento. Enxergo no Eduardo Campos uma ameaça real ao PT.

 

DIÁRIO - Quais são seus projetos na Assembleia para os próximos dois anos?

ALEX - Quero levar para São Bernardo o (restaurante) Bom Prato. Na campanha já defendi isso e vi que é uma necessidade real. Fiz a indicação e tive oportunidade de conversar com alguns integrantes do governo estadual. Vamos trabalhar firmemente para tentar trazer o restaurante. Essa será grande meta para contemplar a população com um programa social que é melhor do que os programas assistenciais que existem no Brasil. Você come por R$ 1, uma instituição filantrópica que mantém o restaurante e gera benefício para diversas pessoas. Já dialogamos com a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) em São Bernardo e vamos lutar para que a Prefeitura coloque atendimento jurídico gratuito e posto do Procon no Poupatempo. Hoje o mercado consumidor é maior e os consumidores têm seus diretos lesado numa escala maior. Quero ir ao prefeito solicitar a instalação do Procon.

 




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