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'O PT precisou dos aliados para vencer', diz vice de Mauá
Cristiane Bomfim
Do Diário do Grande ABC
17/11/2008 | 07:00
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Após um longo processo eleitoral, classificado como desgastante, o vice-prefeito eleito de Mauá, Paulo Eugênio Pereira Júnior (PT), afirma que a legenda, que chegou a ser desacreditada, ganhou força, não só pelo fato de ter eleito um prefeito, mas também por ocupar quatro cadeiras na Câmara, uma a mais que na atual legislatura. O número sobe para cinco, quando considerado o partido aliado da coligação do primeitro turno, PRB. "Elegemos na nossa coligação cinco vereadores, enquanto havia críticas e comentários de que nossa chapa era muito fraca e não tinha nomes de ponta e referência. Mas o PT de Mauá é forte e a legenda teve muitos votos", diz.

Paulo Eugênio assume que administrar Mauá nos próximos anos não será tarefa fácil, já que considera que o trabalho realizado pelo atual prefeito, Leonel Damo (PV), careceu de seriedade e comprometimento com o interesse público. "Maúa hoje é uma cidade judiada."

O principal desafio será, segundo ele, melhorar a qualidade do serviço público de Saúde. "Não temos a expectativa de resolver o problema em quatro anos porque este é um problema nacional, mas temos de m elhorar e elevar o padrão de qualidade do atendimento da Saúde na cidade."

Para ajudar a solucionar esta e outras questões, promete ser um vice-prefeito atuante. Para isso, garante que irá assumir uma secretaria no governo. A pasta, no entanto, não foi definida. "Será a que eu puder ajudar mais", explica Paulo Eugênio, que foi secretário de Desenvolvimento Econômico e Social nas gestões anteriores de Oswaldo Dias (entre 1997 e 2004).

DIÁRIO - Como o sr. avalia o processo eleitoral deste ano em Mauá?
PAULO EUGÊNIO PEREIRA JÚNIOR - O processo foi desgastante. Nossos adversários iniciaram uma campanha sórdida e com material apócrifo, afetando a imagem do nosso candidato. Nós resistimos por uns 30 ou 40 dias em não responder os ataques até o momento em que isso se tornou insuportável e tivemos de dar a resposta. Isso acabou baixando nível da campanha e saindo um pouco do debate programático. E isso, eu acho que foi ruim. Eu tinha uma avaliação de que venceríamos no primeiro turno em função do governo atual estar mal avaliado e pelo fato de termos um candidato que foi prefeito oito anos e com uma imagem boa na cidade. Mas o segundo turno foi outra eleição. Está provado que o PT precisou dos aliados para vencer. Nesta fase ficaram dois projetos: um representando a continuidade (do candidato Chiquinho do Zaíra, do PSB) e o nosso, que era mudança. Conseguimos o apoio dos outros dois candidatos a prefeito (Diniz Lopes e Mateus Prado). O resultado foi positivo, vencemos a eleição e no final é o que importa.

DIÁRIO - O PT saiu fortalecido da eleição?
PAULO EUGÊNIO - Sim, porque iniciamos a eleição somente com um partido aliado, que é o PRB. Elegemos na nossa coligação cinco vereadores, enquanto havia críticas e comentários de que nossa chapa era muito fraca e não tinha nomes de ponta e referência. Mas o PT de Mauá é forte e a legenda teve muitos votos. Foi isso que viabilizou a vitória de lideranças como Marcelo Oliveira, Paulo Suares e o Rômulo Fernades, que não eram vereadores e foram eleitos em outubro com uma votação expressiva.

DIÁRIO - Qual será o seu papel como vice-prefeito?
PAULO EUGÊNIO - Meu papel ainda não está definido, mas eu tenho discutido com o Oswaldo de que forma poderei contribuir para o governo. Tanto eu quanto ele defendemos que o vice deve ser atuante e não ficar só na expectativa. Então vou ocupar uma secretaria.

DIÁRIO - E já foi definida qual a Pasta que o sr. irá comandar?
PAULO EUGÊNIO - Não. A definição das secretarias será divulgada pelo Oswaldo no fim deste mês.

DIÁRIO - Como o sr. avalia a cidade de Mauá hoje?
PAULO EUGÊNIO - Mauá é uma cidade judiada. Ela vinha numa linha de desenvolvimento, crescimento e organização e em função do desgoverno, ela está sofrendo com a fata de uma gestão mais séria e compromissada com interesse público. Há varias denúncias de superfaturamento, de má qualidade no serviço prestado.

DIÁRIO - Na opinião do sr., quais as principais dificuldade que a próxima gestão enfrentará?
PAULO EUGÊNIO - Teremos muita dificuldade financeira. Diversos serviços e fornecedores da Prefeitura não estão sendo pagos. Há convênios atrasados e segundo o secretário atual de Finanças (José Francisco Jacinto), o motivo destes atrasos é a falta de recursos. Outra dificuldade que enfrentaremos é a questão dos comissionados, já que hoje os efeitos da lei estão suspensos (em julho uma decisão do TJ suspendeu a lei 3.471 de 2002 que permitia a contratação de cargos de confianças. Com a determinação,a Prefeitura terá que demitir 699 pessoas que ocupam estas vagas e não poderá repor). Este tema precisa ser resolvido para preencher os quadros necessários para tocar a máquina pública.

DIÁRIO - Quais serão as prioridades da próxima administração?
PAULO EUGÊNIO - A Saúde é o grande desafio e o principal problema da cidade. Não temos a expectativa de resolver o problema em quatro anos porque este é um problema nacional. Com o SUS (Sistema Único de Saúde), a solução deve ser integrada por políticas dos âmbitos federal e estadual. Mas nós temos de melhorar e elevar o padrão de qualidade do atendimento da Saúde pública de Mauá. Só não dá para fazer milagre.

DIÁRIO - E quais a principais medidas que precisam ser tomadas nesta área?
PAULO EUGÊNIO - Na Saúde temos dois problemas. Um é estrutural e o outro de gestão. Estrutural porque dentro do hospital Radamés Nardini, por exemplo, funciona o pronto-socorro e é tumultuado, o atendimento é ruim, tem gente no corredor. Então faltam equipamentos. É preciso separar o pronto-socorro do hospital. Falta um hospital regional para atender Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra. Na questão de gestão, o que nos preocupa muito é que não dá para pagar R$ 5 milhões para o Instituto Sorrindo Para a Vida, que o próprio TCE (Tribunal de Contas) fez um relatório apontando inúmeras irregularidades. Não dá para gastar tanto dinheiro com remédio e faltar medicamentos nas UBSs e, depois disso tudo, você descobrir que as empresas estão envolvidas em investigações criminais de fraude e superfaturamento e não entrega os produtos. Isso faz parte da gestão, que é gastar bem o dinheiro público e fiscalizar. Isso nós temos condição de fazer.

DIÁRIO - E a questão do transporte público, como poderá ser resolvida?
PAULO EUGÊNIO - O contrato de concessão venceu em 2006 e desde então ela vem trabalhando por meio de decretos. A empresa que está operando hoje tem de trabalhar direito. Os ônibus têm de estar bem conservados, limpos. Tem de cumprir os horários estabelecidos e isso exige o controle da administração, o que não tem ocorrido. Falta manutenção. Notransporte, a população vai sentir a mudança rapidamente. Outro problema que vamos resolver é o da manutenção da cidade. Quando as pessoas falam que a cidade está abandonada é porque sentem falta da presença do poder público agindo e cuidando das praças, das ruas. Vamos voltar a ter esse cuidado.

DIÁRIO - Há algum risco de Oswaldo Dias não poder assumir a Prefeitura, por conta das discussões em torno da rejeição das contas de 2004 do petista?
PAULO EUGÊNIO - Esse é o discurso das viúvas do Chiquinho do Zaíra. É um discurso antidemocrático de quem não respeita a vontade soberana do voto. O Oswaldo conseguiu reunir as condições para fazer o registro e disputar a eleição e isso afasta qualquer possibilidade de impedimento. No processo eleitoral ele estava legitimado com decisões do TSE.




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