Parte do Caminho do Ouro dos tempos do Brasil Colônia, a pequena e agradável cidade de Cunha, entre as montanhas de Guaratinguetá e Paraty, reserva um acontecimento especial entre amanhã e domingo: a Abertura dos Fornos, em que ateliês de cerâmica abrem suas portas para mostrar aos visitantes a arte que une talento e paciência, em peças confeccionadas de forma primorosa (preços vão de R$ 4 a R$ 2.000).

 A cerâmica já é tradição. Teve início com as antigas paneleiras e ganhou força com a chegada de ceramistas japoneses e portugueses, responsáveis pela introdução da queima em alta temperatura, há 30 anos.

 A maioria dos artesãos molda a peça e a queima duas vezes; a primeira para secá-la e deixá-la na forma de ‘biscoito’, ou seja, pronta para ser esmaltada, fundida e decorada.

 A cidade abriga um total de 16 ateliês, que possuem fornos diferenciados, como a lenha, elétrico e a gás. Há também os tradicionais noborigama, um forno japonês feito de tijolos refratários, com degraus de uma câmara para a outra, que atinge uma temperatura de 1.300ºC e leva, em média, de 20 a 50 horas para preparar uma peça. A queima chamada raku é mais rápida, já que em somente uma hora atinge 950ºC. A diferença é que a abertura acontece ainda com as peças incandescentes, um espetáculo aos olhos. Em seguida, os objetos são jogados em um latão de serragem, que pega fogo. Como o esmalte fica craquelado, a fumaça do processo penetra nas rachaduras e forma desenhos, dando às peças um toque único e diferenciado.

 Cada ateliê programa a abertura dos fornos em dias e horários marcados. No ateliê Suenaga e Jardineiro, que aproveita a abertura para comemorar o centenário da imigração japonesa no Brasil, o evento ocorre sábado, às 10h, 12h, 14h e 16h. No Anand Atelier, a abertura será amanhã e sábado; e nos dias 19 e 20 de abril; e 2 e 3 de maio, às 18h. Todos os ateliês possuem boa estrutura de recepção, exposição permanente e venda de peças para pronta entrega.