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Como uma ola no mar

Navios de cruzeiro dão show de bola pela costa brasileira em tempos de Copa do Mundo

Por Andréa Ciaffone
do Diário do Grande ABC
19/06/2014 | 07:07
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Ser torcedor em uma Copa não é para os fracos. Além da adrenalina que vai subindo como a maré a cada jogada para terminar em uma espuma de alegria ou raiva, o torcedor vive uma odisseia de deslocamentos para chegar às cidades que receberão os jogos de sua equipe. Quando a Copa do Mundo acontece em países relativamente pequenos, com transporte público de alto padrão e alcance, como Alemanha, França e Espanha, o desafio tem escala humana. No entanto, quando as distâncias ficam maiores, como é o caso do Brasil, é preciso ser um titã e caprichar muito no planejamento para coordenar roteiros que combinam voos, traslados e hotéis – tudo isso carregando malas. Mas, se terra e ar judiam do viajante, o mar surge como alternativa oferecendo um tsunami de vantagens para quem quer curtir o maior evento esportivo do planeta sem abrir mão do conforto, e com altas doses de alegria.

Que o digam os torcedores do México hospedados no MSC Divina, fretado para acompanhar a equipe mexicana nas cidades onde o país disputará os jogos da primeira fase .

Normalmente, os mares brasileiros são visitados por grandes navios que apresentam comportamento bem típico e regular: singram por aqui nos meses quentes e migram para Europa ou Caribe quando o verão meridional acaba. Só que, neste ano, algumas andorinhas não foram fazer verão em outro hemisfério. Quem passar pelo Porto de Santos entre 22 e 25 de junho verá, por exemplo, o navio Monarch, da Pullmantur, que tem capacidade para 2.800 passageiros e está no Brasil para servir de hospedagem a torcedores do Chile.

IATES DE LUXO

Também de olho nas facilidades que a vida em alto-mar traz, o astro norte-americano Leonardo Di Caprio pediu emprestado ao sheik Mansour Bin Zayed Al Nhayan – dono do time inglês Manchester City – o Topaz. Internacionalmente conhecido por ser o quinto maior iate do mundo, o Topaz é um gigante com 482 pés de comprimento (cerca de 150 metros), oito andares, três piscinas, dois helipontos (um para o dono do iate manter o seu helicóptero à disposição e outro para receber visitantes alados) e ainda a mais moderna tecnologia de navegação e estabilização. Dizer que seus ambientes são deslumbrantes seria chover no molhado. Entretanto, de tudo isso, a maior vantagem é que, além de conveniência e luxo, esse tipo de embarcação ajuda a preservar a privacidade de quem é celebridade. É bem verdade que muito do que acontece no iate não chega a ficar em segredo, mas, pelo menos, o acesso é bem mais difícil para os paparazzi. Para ilustrar essa afirmação há a repercussão da visita do Topaz a Búzios, onde Di Caprio deu uma festa de arromba com repercussão na imprensa, que deu detalhes como a inclusão na trilha sonora dos badalados hits de Anita e Valesca Popozuda – com direito a beijinho no ombro para quem ficou de fora.

Apesar da escapadinha, o suntuoso iate tinha seu lugar reservado na Marina da Glória, no Rio de Janeiro, que teve de lidar com a onda de solicitações de espaço nos seus píers feita por embarcações que ficariam por aqui no período da Copa. Segundo informações da administração da marina, cerca de 25 iates com mais de 100 pés vindos da Inglaterra, Alemanha, Estados Unidos e de outras partes do Brasil conseguiram reservar seus lugares para atracar ali. Essa procura pelo período do Mundial representa o dobro do que a marina atendeu durante todo o ano passado. Boa parte dos barcos atraca no Rio apenas com a tripulação para aguardar seus hóspedes, que geralmente chegam de avião.

De fato, o mundo que flutua sobre o reino de iemanjá esbanja glamour, mesmo se a escala for menor do que a dos megaiates em tamanho ou excentricidade. Por exemplo, se não dá para ir de Topaz, dá para curtir as festas nos dias de jogo promovidas em iates de aluguel, como os comandados pelas empresas D’Tharas World, agência de turismo e eventos de luxo especializada em serviços VIP, e Xperiencerio, que planeja experiências personalizadas em viagens pelo Rio de Janeiro, ambas em embarcações de alto requinte.

Em um belo iate de 120 pés (cerca de 40 metros) com sete cabines, jacuzzi, terraço, salão grande, sistema de som, TV, ar-condicionado central e cozinha completa com capacidade para 30 pessoas, o Rio Gourmet Brunch propõe o melhor da gastronomia com chefs renomados e menus harmonizados por uma seleção de bebidas nobres, como Dom Perignon, Millesime Ruinart e Veuve Clicquot Ponsardin no ataque, além de uma carta de brancos, tintos e rosados que batem um bolão.
Nas pickups, música fusion com toques de deep house, samba e jazz. O ingresso custa US$ 5.990 (cerca de R$ 13,5 mil) por pessoa, mas o organizadores prometem uma experiência digna do jet set europeu.
A outra proposta dos mesmos organizadores é a Sunset Yacht Party, que, em vez de mesa farta, capricha na pista de dança. A promessa é de uma superfesta ao som de DJs aclamados, música ao vivo, dançarinas exóticas, culinária moderna e um all-inclusive premium open bar que inclui vodca Belvedere Pure, Cîroc, Chivas, Black Label, Veuve Clicquot Ponsardin e Chandon Excellence nas versões brut e rosé.

A programação inclui queima de fogos, atrações exóticas, iluminação e surpresas inesquecíveis. Tudo para acrescentar um certo sappore di mare à vida de quem vive em terra e não precisou viajar muito para chegar ao píer.
Esse evento será realizado em um catamarã de 70 pés (pouco mais de 20 metros) com quatro suítes, solarium, terraço, salão grande, sistema de som e TV no convés, ar-condicionado central, cozinha completa e capacidade para 60 pessoas. Para embarcar, homens pagam US$ 3.990 e mulheres, US$ 1.990 (cerca de R$ 9.000 e R$ 4.500, respectivamente).

ROTEIROS FLUVIAIS

A procura por hospedagem em hotéis flutuantes não se restringe ao mundo marítimo e inclui as vias fluviais, mais especificamente o grande Rio Amazonas, que banha Manaus, uma das cidades-sede dos jogos. Disponível para hospedagem e passeios, o Grand Amazon pode abrigar 150 passageiros-hóspedes em 75 cabines. Entre os dias 16 e 22 de junho, ficará atracado no porto da capital amazonense como hotel flutuante e depois retoma seus roteiros habituais de exploração pelas águas dos rios Negro, Solimões e Amazonas.

E o MTur (Ministério do Turismo) brasileiro incentiva o mercado a embarcar na onda de ampliar a disponibilidade de leitos em localidades litorâneas ou ribeirinhas por meio da presença de embarcações. “Cidades que recebem grandes eventos e têm ligação com rios navegáveis e com o mar, como Mônaco, na Fórmula 1, costumam receber navios e iates que servem de meios de hospedagens para seus visitantes”, afirmou o diretor do departamento de estudos e pesquisas do MTur, José Francisco Lopes. Para evitar que a falta de infraestrutura faça essa alternativa ir por água abaixo, a Pasta já liberou R$ 27,4 milhões para investimentos em turismo náutico. 




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