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Denúncia não intimida
usuários da Vila Guiomar

Ruas continuam tomadas por homens e mulheres sob efeito de
drogas, em meio a montes de roupas sujas e restos de comida

Eliane Souza
Do Diário do Grande ABC
20/08/2012 | 07:00
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Após o Diário denunciar a concentração de usuários de drogas nas imediações das ruas Almeida Garret e Teresa Cristina, na Vila Guiomar, em Santo André, moradores da região foram ouvidos no fim da tarde de ontem e constataram que o cenário continua o mesmo.

As ruas seguem desertas, com vizinhos que preferem a segurança de seus apartamentos, enquanto as vias são tomadas por homens e mulheres sob efeito de drogas, em meio a montes de roupas sujas e restos de comida. A exceção do cenário foram duas moradoras que passeavam com os cães por volta das 18h30 e conversavam justamente sobre a reportagem do Diário e a esperança de terem de volta o sossego que já reinou no bairro.

"Para os nossos vizinhos, somos consideradas loucas por andar aqui, mas não vejo problemas porque andamos sempre juntas. Mais do que medo, tenho esperança de que um dia voltaremos a ter tranquilidade", conta a dona de casa de 57 anos, que prefere não se identificar. Enquanto caminha pelo bairro, ela é abordada por dependentes químicos que pedem comida, dinheiro e cigarro.

Morando em um dos prédios da Rua das Monções desde a infância, viu com o passar dos anos o bairro ser tomado por usuários de drogas ocupando a rua da parte de trás dos prédios. Ela acredita que a proximidade com a Cadeia Pública de Santo André, na Avenida Dom Jorge Marcos de Oliveira, incentive a ocupação dos usuários. "Eles não têm família. Quando são soltos ou recebem indultos de feriados, continuam aqui usando drogas. E são pessoas que vêm de longe. Tem gente até de Suzano e Ribeirão Preto aqui."

O medo de assaltos faz com que muitos moradores evitem sair ou chegar muito tarde em casa. Uma estudante de 15 anos conta que já presenciou ações dos traficantes principalmente contra idosos. "Eles não assaltam moradores, porque alguns eles já conhecem. Mas no último domingo uma moça foi assaltada no ponto de ônibus às 6h. Eles não usam armas de fogo, mas têm facas."

Durante a madrugada o cenário piora. Uma faxineira de 57 anos conta que usuários e traficantes não dormem com medo de sofrer represália por parte dos moradores. "Da polícia eles não têm medo, porque sabem que não podem fazer nada contra eles. Assim, passam a noite brigando, queimando roupas enviadas por entidades assistenciais e, no caso das mulheres, se prostituindo."

A moradora relata ainda que sonha com o dia em que os dependentes desocuparão a área, mas não tem fé em ação efetiva da polícia, ONGs ou da Prefeitura. Para ela, o destino dos usuários é definhar pelo próprio consumo de drogas ou assassinados. O delegado seccional de Santo André, Guerdson Ferreira, foi procurado para comentar a repercussão, mas não foi encontrado.




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