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Bancos incentivam doações de sangue antes da Copa

Férias, feriados e eventos de grande porte fazem estoque cair até 30%; doação recorrente é desafio

Camila Galvez
Do Diário do Grande ABC
04/05/2014 | 07:00
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Orlando Filho/DGABC


A chegada do inverno, das férias de meio de ano e da Copa do Mundo, que será realizada no Brasil, preocupa os bancos de sangue da região. Isso porque os estoques nestas épocas chegam a cair até 30%, o que exige maior trabalho de logística para garantir que não falte a quem precisa.

O gerente médico da Colsan (Associação Beneficente de Coleta de Sangue) na região, Toebaldo Antonio de Carvalho, explica que o ideal seria as pessoas doarem sangue com periodicidade. “Nosso índice de doações espontâneas, ou seja, de quem vem sem ter ninguém específico para quem doar, foi de 60% no ano passado. Já o de doadores recorrentes ficou em torno de 31%.” Em média, por mês 4.500 pessoas passam pelos quatro postos de coleta da região, um em São Bernardo, dois em Santo André e um em São Caetano (veja endereços no quadro acima).

No Brasil, segundo Carvalho, cerca de 1,9% da população doa sangue com frequência, enquanto os índices na Europa ficam acima de 4%. Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), o ideal é que de 3% a 5% da população se proponha a contribuir anualmente.

Os voluntários devem ter entre 16 anos – com autorização e presença dos pais ou responsáveis – e 69 anos. Homens podem doar quatro vezes em um ano, com intervalos de pelo menos dois meses entre as coletas. Já as mulheres, por conta da menstruação, podem colaborar até três vezes ao ano, com intervalos de pelo menos três meses.

Há restrições para determinadas doenças, como hepatites, Aids e DSTs (doenças sexualmente transmissíveis), mas também patologias comuns, como a gripe. “Antes de doar, a pessoa passa por uma triagem clínica, na qual é questionada sobre hábitos de vida, principalmente os sexuais.”

A triagem está dentro das normas da RDC (Resolução da Diretoria Colegiada) número 57, que determina a regulamentação do uso do sangue doado no País. “Quem fez tatuagens, usou drogas, teve relações sexuais com mais de três pessoas diferentes em um ano ou apresenta qualquer comportamento de risco não pode doar”, explica Carvalho.

Um dos casos que gera mais polêmica é do homossexual masculino, que não pode ser voluntário. O médico explica que não se trata de preconceito. “Há pesquisas internacionais que comprovam maior risco de contaminação com a penetração anal.”

O cuidado na triagem clínica é necessário, segundo Carvalho, porque não existe 100% de segurança nos resultados dos exames. “Há um período de até dois meses no qual a doença fica adormecida no organismo e não aparece nos testes, a chamada janela imunológica.”

Para quem quiser doar, basta comparecer a um dos postos da região. É necessário estar alimentado, mas sem ingerir comidas pesadas, além de pesar mais que 50 kg.


Voluntários destacam importância de ajudar

A agente de Saúde Verônica Bárbara Carneiro Vieira, 37 anos, é doadora recorrente do banco de sangue da Colsan em São Bernardo. Ela afirma que sempre que pode, comparece ao local para colaborar. “Além disso, estou fazendo levantamento entre as 187 famílias que atendo para saber quem pode doar. Os que puderem, vou incentivar, principalmente agora na época da Copa do Mundo, quando os estoques baixam”, garante.

A operadora de máquina Ana Cristina Carvalho de Sousa, 28, doou pela segunda vez. “A primeira foi há dois anos. Agora vim porque achei que já fazia tempo que não ajudava. Quero fazer pelo próximo o que gostaria que fizessem por mim.”

Ideia semelhante tem o auxiliar de expedição Rai Dias Soares, 19, doador pela primeira vez. “Tinha vontade, mas faltava oportunidade. É bom ajudar alguém que não conheço, mas que sei que precisa. Quero tornar um hábito.”

O médico Toebaldo Antonio de Carvalho destaca que cada bolsa coletada, com cerca de 380 ml de sangue, ajuda pelo menos três pessoas. “O sangue é dividido em glóbulos vermelhos, plasma e plaquetas, e cada paciente recebe um deles.”

Os quatro postos de coleta do Grande ABC fornecem para 11 hospitais que realizam a transfusão, sendo dois na Baixada Santista (Praia Grande e Itanhaém). No banco de São Bernardo funciona também a área de processamento, responsável por fazer a triagem e distribuição do material coletado para os locais onde é necessário. 




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