Economia Titulo Seu bolso
Juro do cartão é 5 vezes
mais caro que consignado

Risco de calote leva bancos a subirem o custo
da modalidade de empréstimo de fácil acesso

Pedro Souza
Do Diário do Grande ABC
19/04/2014 | 07:03
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Arquivo/DGABC


Não faz diferença o valor da dívida. Liquidá-la com o rotativo do cartão de crédito não é a melhor opção para o consumidor, mesmo tendo em vista sua facilidade de utilização. Em média, o mercado financeiro cobra cinco vezes mais juros pelo plástico do que pelo empréstimo consignado que, por exemplo, é uma das modalidades mais baratas para o consumidor atualmente.

Conforme dados da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), a taxa média mensal do rotativo do cartão de crédito está em 9,37%. Por outro lado, o BC aponta que o custo médio de uma operação de consignado é de 1,88%, ou seja, 4,98 vezes menor.

Simulação na calculadora do cidadão (www.bcb.gov.br/?CALCULADORA) aponta que, com base na média apurada pela Anefac do rotativo do cartão de crédito, uma dívida de R$ 5.000 custaria, com pagamento mínimo por parcela de 15% da dívida, R$ 7.097,88 no total.

Esta operação leva em consideração que o contratante eliminará a dívida em 9,5 parcelas de R$ 747,14. Por isso, apenas de juros seriam R$ 2.097,88.

De acordo com a calculadora do cidadão, o interessado em liquidar esse tipo de dívida com o crédito consignado desembolsaria, no total, R$ 5.285,97, ou seja, R$ 1.812,91 a menos do que com o rotativo do cartão de crédito. Neste caso, o número de parcelas, no valor de R$ 755,13, seria menor, em sete vezes. E o contratante ficaria aliviado dois meses antes. Os juros da operação acumulariam, no período, R$ 285,97.

Mesmo por meio de um empréstimo pessoal, cuja taxa média cobrada pelo mercado é de 5,71% ao mês, segundo o BC, a situação seria menos dolorosa.

Neste caso, a dívida total acumularia R$ 6.029,93. O consumidor pagaria R$ 1.029,93 de juros. Isso com a liquidação em oito parcelas de R$ 753,74.
A calculadora do cidadão apresenta simulações comparativas de acordo com a capacidade de liquidação das parcelas. Portanto, como 15% de R$ 5.000 são R$ 750, é com base nesse valor que as alternativas são apresentadas.

MODALIDADES - O rotativo do cartão de crédito é o empréstimo mais caro do mercado para o consumidor. “É uma das maiores taxas do mundo. É extremamente abusiva”, criticou o economista e professor do curso de Administração da Universidade Anhembi Morumbi, Marcello Gonella.

Seu alto custo se dá, principalmente, pelo alto risco de inadimplência que os bancos enfrentam na hora de liberar o dinheiro. Isso porque, normalmente, o crédito é pré-aprovado, ou seja, não há análise de capacidade de pagamento do contratante antes de emprestar os recursos.

Justamente por causa desse risco, as instituições financeiras agregam nas taxas cobradas dos usuários os custos administrativos de captação e tributação integrais, disse Gonella.

No caso do custo de administração, diferentemente de outras modalidades de empréstimos, são consideradas as despesas da agência bancária, da administradora do cartão de crédito e também da empresa bandeira.

Considerando o crédito consignado, as instituições financeiras têm a garantia de que o contratante irá pagar, diretamente, com desconto automático em seu salário.

Essa previsão otimista em relação ao financiamento faz com que os bancos reduzam as taxas médias de juros no crédito consignado. “Basicamente, elas são todas distribuídas para outras modalidades também, e o banco acaba deixando o custo do consignado mais barato.”

LIMITAÇÕES - O empréstimo com desconto em folha de pagamento é ótima opção para substituir dívidas mais caras, como as do cartão de crédito ou do cheque especial. Mas ele possui algumas limitações.

A primeira e básica é que a modalidade está disponível: para funcionários públicos, cujo governo, nas três esferas, tem convênio com algum banco para oferecer o crédito; para os aposentados e pensionistas do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) e para os empregados de companhias que têm parcerias com instituições financeiras para a operação.

“Mas pouquíssimas empresas, atualmente, têm consignado. Normalmente, você encontra a modalidade nas grandes companhias, que ofertam plano de carreira para os funcionários. Se considerar a pequena e a média empresa, que dificilmente consegue garantir a estabilidade dos funcionários, há muitos poucos convênios”, opinou Gonella.
 




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