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SUS absorve demanda de hospitais falidos

Falência de convênios também contribui com sobrecarga; pelo
menos dez hospitais particulares fecharam na última década

Maíra Sanches
Do Diário do Grande ABC
29/07/2012 | 07:00
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O fechamento de pelo menos dez hospitais particulares na última década, somado às quebras sequenciais de convênios médicos, atingiu em cheio o SUS (Sistema Único de Saúde) do Grande ABC. Equipamentos como Hospital Príncipe Humberto e Baeta Neves, em São Bernardo, e Jardim e Santo André, na cidade, estão entre os que fecharam as portas. Pelo menos 500 leitos foram desativados.

Em meados de 2011, depois da onda de falência dos planos de saúde, cerca de 68 mil beneficiários que pagavam pelo serviço ficaram na mão. A migração dessas pessoas em busca de atendimento no SUS foi imediata. As redes de urgências, ambulatoriais e de internações foram saturadas, apesar das melhorias implantadas nos últimos anos. Mesmo assim, o aumento da faixa etária dos usuários e a ampliação na oferta do serviço público de Saúde contribuíram para segurar a demanda.

“Na época (2009), muitos não adquiriram outro plano de saúde porque era caro. Cerca de 40% desse público era formado por idosos. Foram os mais prejudicados e ficaram órfãos de atendimento. Mas, aos poucos, conseguimos inverter a cadeia. O SUS absorveu a demanda de forma razoável. Muitos mantêm tratamentos iniciados no SUS porque criaram confiabilidade na rede”, analisou o diretor de planejamento da Fundação do ABC, Wagner Boratto, que presidiu a entidade entre 2010 e 2011. A instituição é responsável por gerir atualmente dez hospitais públicos na região.

A demanda que sobrou para o SUS foi a que necessitava dos procedimentos mais caros, como tratamento oncológico, que envolve quimioterapia e radiologia, além de cirurgias de alta complexidade.

CONSEQUÊNCIAS - Alguns dos hospitais desativados eram exclusivamente destinados ao atendimento dos beneficiários. A perda desses usuários, portanto, foi dupla. Neste cenário, mais uma vez, quem pagou – e ainda paga – a conta foi a rede pública. “Dizer que o SUS está sobrecarregado é pleonasmo. Estará sempre. Hoje o sistema só não funciona perfeitamente porque, do outro lado, existe a canibalismo dos convênios médicos”, disse o diretor da área de Saúde da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), Carlos Eduardo Panfílio.

Atualmente, segundo a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), 60% dos moradores do Grande ABC, cerca de 1,53 milhão de pessoas, possuem convênio médico.




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