Economia Titulo Investimento
Disciplina é regra para guardar dinheiro e suprir a aposentadoria

Título público é a melhor oportunidade,
mas previdência privada é uma saída

Pedro Souza
Do Diário do Grande ABC
23/09/2013 | 07:10
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Disciplina. Esse é o segredo para ter as melhores lucratividades nas aplicações financeiras no longo prazo. E, consequentemente, abre uma oportunidade de incrementar a renda durante a aposentadoria. Ainda mais para aqueles trabalhadores que ganham mais do que o teto do benefício, que atualmente está em R$ 4.159,00, conforme o Ministério da Previdência Social, já que é uma forma de tentar manter o poder de compra na hora de abandonar a vida laboral.

Manter uma aplicação mensal, de R$ 200 por exemplo, desconsiderando a inflação e os tributos de cada um dos investimentos, em títulos do Tesouro Nacional, cujo valor mínimo de aporte é de R$ 30, gera um rendimento 27% superior ao que uma previdência privada pagaria nas mesmas condições.

O especialista em finanças pessoais e educação financeira Eduard Claudio Júnior, do Dsop Unidade São Bernardo, realizou simulação a pedido do Diário. Enquanto 30 anos de aplicação de R$ 200 na previdência privada garantiria R$ 286.243, os títulos públicos federais retornariam R$ 366.148.

“Disciplina é uma das palavras mais importantes na questão do investimento”, destaca Claudio Júnior. Para ele, o motivo é simples: é muito difícil manter a dedicação para investir no Tesouro Direto, primeiro para buscar as corretoras, depois para realizar as aplicações mensais durante os 360 meses e sem falta.

“A primeira coisa que o investidor (que pensa em reforçar a aposentadoria) deve ter é um propósito firme. Sem objetivo, dificilmente ele resistirá aos apelos de consumo”, orientou o especialista em finanças pessoais. “Se ele quer uma aposentadoria tranquila, então terá que se disciplinar e começar a juntar uma reserva financeira”, conclui Claudio Júnior.

Para aquelas pessoas que desejarem ultrapassar o limite da disciplina e se tornarem conhecedores dos investimentos, a diversificação nas aplicações pode ser uma ótima saída. Pelos cálculos do educador do Dsop, atingindo uma rentabilidade de 1% ao mês, com aporte de R$ 200 mensais por 30 anos, o montante acumularia R$ 698.992. Mas ele avisa que o risco de ver os investimentos desvalorizarem no curtíssimo prazo é muito alto e é necessário sangue-frio para suportar por um longo período.

ESTÍMULO

Mas quem não consegue se dedicar aos números do mercado acionário tem uma saída. É aí que a previdência privada entra em ação. Na prática, mesmo com os descontos de seus tributos depois de longos anos de depósitos, ela gera mais retorno do que a carderneta de poupança, garante Claudio Júnior.

E mais interessante ainda é quando a empresa realiza um plano de previdência privada. Neste caso, além de o trabalhador não se preocupar em buscar mecanismos para investir, ele terá desconto automático na folha de pagamento e, muitas vezes, mais dinheiro aplicado por parte do empregador, lembra o secretário geral do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Sivaldo da Silva Pereira, o Espirro. Ele diz que, na região, várias metalúrgicas oferecem esse estímulo.

Para o diretor de políticas sociais da Associação dos Trabalhadores Aposentados e Pensionistas do Grande ABC, Luís Antonio Ferreira Rodrigues, todos os trabalhadores devem aproveitar os programas de previdência privada que as empresas oferecem. Ele comenta que não é possível sobreviver com os benefícios do governo federal, que normalmente são como um impacto na renda dos aposentados, pois diminuem o poder de compra de quem ganhava mais do que o teto da Previdência. Para se ter noção, na região, o valor médio da aposentadoria, em agosto, era de R$ 1.404.

“Mesmo para aqueles que acabam se apertando um pouco para economizar, é necessário fazer o máximo para conseguir. Vai fazer a diferença lá na frente”, pontua Rodrigues.

O mecânico de modelo Carlos Alberto Vizenzi, 50 anos, está se preparando para ter, ao menos, alguns anos de sua aposentadoria mais tranquilos. Morador de Ribeirão Pires, o metalúrgico aderiu ao programa de previdência privada da empresa em que trabalha há dois anos.

Depois de muito tempo fazendo reparos e manutenção em máquinas e ferramentas utilizadas para criar os moldes para forjar peças metálicas, Vizenzi está prestes a se aposentar e ainda não calculou quando receberá. “Por isso que entrei na previdência privada. Tenho desconto de R$ 200 por mês e a empresa coloca mais R$ 200. Só aí já terei um retorno de 100% do meu dinheiro”, explica.

Ele conta que sempre que possível chama a atenção dos colegas da firma mais jovens para garantirem o futuro e orienta para que corram atrás do programa.

COMO GUARDAR?

Claudio Júnior, do Dsop, ensina os passos iniciais para guardar dinheiro até a aposentadoria. “É necessário fazer um diagnóstico. Quanto a pessoa tem, está gastando e também os valores que sobram. Muitas dívidas? É preciso sanear, evitar pagar juros, comprar planejadamente.”

Após tomadas essas decisões, o caminho é buscar uma aplicação. “O dinheiro é um meio e não é um fim. Se a pessoa tem um propósito, ela vai guardar”, garante o especialista. 




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