O período de frio intensifica ação das prefeituras no acolhimento de pessoas em situação de rua. O trabalho dos profissionais, geralmente vinculados às secretarias de Assistência Social, consiste em visitar pontos com concentração de mendigos, fazer aproximação e oferecer serviços sociais existentes, entre eles a possibilidade de pernoitar em albergues - na região, há pelo menos 472 vagas.

No caso de São Bernardo, a secretária de Desenvolvimento Social e Cidadania, Márcia Barral, explica que a equipe de educadores, responsáveis pela abordagem nas ruas, passou de dois para 16 profissionais neste ano.

Além disso, o trabalho ganhou veículos e metodologia adequada. "Passamos diariamente ou a cada dois dias para oferecer os serviços do Centro POP ou vagas em albergues aos moradores", diz. A cidade oferece 150 vagas para pernoite e existe possibilidade de abrir outras 50 caso haja necessidade. A média diária de atendimento é de 130 pessoas.

Em Santo André, a chamada Operação Inverno é realizada anualmente durante 24 horas. Os educadores buscam e conduzem os moradores ao Centro POP - Casa Amarela. A Prefeitura disponibiliza albergue com 69 vagas masculinas e 11 femininas.

A equipe da Casa da Acolhida, que recebe munícipes de Ribeirão Pires em situação de rua, realiza ronda e recâmbio (encaminhamento de pessoas ao seu local de origem) pela cidade. Na ronda, os profissionais convidam os moradores de rua para acompanhá-los. O local tem capacidade para até 35 pessoas por noite.

São Caetano destacou que, apesar da demanda de pessoas em situação de rua ser baixa, equipe da assistência e inclusão social oferece, além de estadia em entidades socioassistencias e atendimento médico, vagas em albergues. A cidade disponibiliza dois espaços não-públicos: Lar Bom Repouso (130 vagas) e Lar Anália Franco (45 vagas). Neste ano, foram atendidas 120 pessoas.

Diadema tem convênio com o Albergue Transitória Casa do Caminho e oferece 40 vagas de pernoite. O atendimento é das 18h30 às 22h. Além disso, o Creas (Centro de Referência Especializado de Assistência Social) POP Rua oferece atendimento diurno para cerca de 300 pessoas por mês. Há estudo para criar mais 30 vagas. Mauá e Rio Grande não responderam.

Cerca afasta mendigos da estação de Santo André

Instalada há uma semana, uma cerca improvisada com estacas de madeira e tela afasta moradores de rua do canteiro de flores do terminal da EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos) de Santo André.

Impossibilitados de ficarem no local, considerado mais seguro, os mendigos tiveram de migrar para outros pontos do Centro em busca de abrigo nas noites frias.

Comerciantes e ambulantes do entorno da estação afirmam que a proteção foi colocada para impedir que os moradores de rua continuassem a dormir no local. Funcionários do terminal acreditam que as madeiras da cerca serão usadas como arma pelos moradores de rua em brigas em dias de jogos dos principais times da Capital.

Na Praça Dezoito do Forte, grupo de seis mendigos afirma que o canteiro da estação de ônibus, além de coberto, era seguro por estar próximo de base da Polícia Militar, o que dificultava agressões contra eles. "As pessoas às vezes tacam pedra e até fogo na gente", disse um deles, que não quis se identificar. Eles preferem dividir cobertor com os colegas a serem levados para o Centro POP, onde há muitas brigas, segundo eles.

A EMTU informou que a cerca foi instalada nos dois canteiros da Rua Itambé pela Metra como proteção para o jardim com plantas nativas, que foi revitalizado. O cercado será removido assim que o processo for concluído.