Policiais civis do 8º DP (Jardim Campestre) de São Bernardo prenderam na manhã de ontem o eletricista Anderson Barros de Cerqueira, 32 anos, acusado de ter abusado sexualmente da enteada de 7 anos, filha de sua ex-companheira, com quem manteve relacionamento de um ano e sete meses e tem uma filha de 1 ano.

Na sexta-feira, a mãe, que quer manter o nome sob sigilo, chamou a Polícia Militar após encontrar a menina chorando, revelando o que acabara de sofrer. No seu relato, o ex-padrasto foi buscá-la na casa dos avôs maternos para levá-la a uma aula de balé. No meio do caminho desviou para sua casa, no Jardim Laura, onde a menina morou antes da separação da mãe. Um exame feito no HMU (Hospital Municipal Universitário) confirmou os abusos sofridos.

Cerqueira passou o fim de semana foragido, mas mandou mensagem de texto para o celular da antiga namorada prometendo se entregar e pedindo perdão ocorrido. Tanto que não ofereceu resistência no momento da prisão, realizada em sua própria casa.

Na delegacia, disse que cumpriria a promessa feita também via mensagem de texto, de que iria se suicidar. Por isso foi mantido em observação constante pelos policiais antes da transferência para sala separada do CDP (Centro de Detenção Provisória) do município.

A justificativa dada por ele à mãe foi a mesma aos policiais: sentia atração física pela menina e, como também teria sofrido abusos sexuais na infância, considera normal o que fez. "Sou doente", disse. Ele confirmou a informação dada pela menina de que foram quatro relações, todas depois da separação.

"Ele sempre foi uma pessoa calma, serena, nunca me passou a impressão de que poderia chegar a fazer algo do tipo", disse um dos vizinhos, morador do quintal onde ele alugava um quarto.

Nem a própria mãe seria capaz de imaginar que Cerqueira chegaria a tanto. Segundo familiares, mesmo após a separação, a ex permitiu que ele continuasse a ver a menina. O eletricista confirmou que seu objetivo com a gentileza era mesmo manter relações sexuais com a enteada.

"Jamais teria coragem de fazer isso enquanto ela era minha filha, morava na mesma casa. Aliás, jamais faria isso com algum filho, que tem o mesmo sangue", disse Cerqueira à equipe do Diário, chorando. Apesar de não confirmar relações com outras crianças, a declaração dos abusos na infância deixou a polícia em alerta. A investigação percorrerá o bairro nos próximos dias atrás de outros menores que tenham mantido contato com ele recentemente.